22 Fev, 2019

Hospital de Ovar tem nova consulta para detetar distúrbios na forma de engolir alimentos

O Hospital Francisco Zagalo, em Ovar, revelou hoje que tem em funcionamento uma nova consulta sobre distúrbios de deglutição, admitindo que esses afetarão uma comunidade significativa de utentes ainda sem conhecimento ou diagnóstico quanto ao problema.

Segundo explicou fonte do hospital, com base em dados da Associação Portuguesa de Terapeutas da Fala, a dificuldade em engolir – disfagia – afetará em Portugal cerca de 80.000 pessoas e estima-se que “milhares de indivíduos” sofram dessa patologia sem terem apoio adequado, o que, num curto a longo prazo, poderá causar-lhes desnutrição, desidratação, pneumonias e isolamento social.

A médica otorrinolaringologista Ana Castro Sousa vai agora coordenar a consulta semanal que, sempre às quintas-feiras, começará por dar especial atenção aos doentes internados na Unidade da Medicina Interna e na Unidade de Convalescença do hospital, e, posteriormente, será alargada à restante comunidade – ainda em formato a definir.

“Era uma lacuna sentida há muito neste hospital, pois temos nos dois serviços de internamento muitos doentes com distúrbios da deglutição que estão subdiagnosticados. Agora vamos poder fazer o rastreamento desse tipo de doentes, notificar aqueles que se apresentam com distúrbios da deglutição e, no fundo, verificar até que ponto os podemos ajudar na tentativa de solucionar o problema e lhes dar melhor qualidade de vida”, declarou a médica.

A referida consulta envolve acompanhamento por otorrinolaringologista e terapeuta da fala, incluindo também avaliação instrumental com recurso a vídeo-endoscopia, para se observar como a deglutição é processada, se é segura ou irregular e com que grau de efetividade o bolo alimentar atinge o esófago.

Se o diagnóstico comprovar a disfagia orofaríngea, é depois elaborado o que a terapeuta da fala Susana Reis descreve como “um programa terapêutico que elege um grupo de procedimentos capazes de causar efeitos benéficos na dinâmica da deglutição, refletindo-se satisfatoriamente no quadro geral do individuo”.

Entre a causa mais comum na origem da disfagia está a falta de secreção salivar, por fraqueza das estruturas musculares responsáveis pela propulsão do bolo alimentar ou por disfunção da rede neuronal que coordena e controla a deglutição.

Segundo dados do Hospital de Ovar, essas dificuldades podem acarretar “graves consequências para o paciente, como a penetração e/ou aspiração de alimento e/ou saliva para a árvore traqueobrônquica, desnutrição e desidratação, podendo levar à morte”.

LUSA

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