29 Abr, 2022,

Hepatite aguda em crianças: Caso suspeito em Portugal não se confirma. DGS cria task force para acompanhar surto

O caso suspeito de hepatite viral em criança internada no Hospital de São João é, afinal, um diagnóstico de gripe A.

A Direção-Geral da Saúde (DGS) criou uma task force de “acompanhamento e atualização” do surto mundial de hepatite aguda em crianças, divulgou ontem a autoridade de saúde, revelando que o primeiro caso suspeito da doença em Portugal – no Hospital do São João (Porto) – tem afinal um diagnóstico de gripe A.

A referida task force – que funcionará em articulação com o Programa Nacional para as Hepatites Virais e com a Sociedade Portuguesa de Pediatria – terá como missão “o acompanhamento e atualização da situação internacional, a avaliação de risco a nível nacional e a elaboração de orientações técnicas para a deteção precoce de eventuais casos desta ‘hepatite de etiologia desconhecida’ que venham a ser identificados no país”, referiu a Direção-Geral da Saúde (DGS) em comunicado.

Como medidas contra este surto, a DGS recomenda a higienização das mãos e a etiqueta respiratória.

A autoridade de saúde adiantou ainda que em Portugal foi avaliada uma situação de hepatite aguda numa criança, “com evolução muito favorável, cujo quadro clínico e analítico não apresenta o perfil das hepatites de causa desconhecida descrito em alguns países”. “A situação continua a ser avaliada. Entretanto, a criança tem um diagnóstico de gripe do subtipo A”, refere a DGS em comunicado.

Até agora, a Organização Mundial de Saúde (OMS) recebeu relatos de 169 casos desta hepatite aguda provenientes de 12 países e em sete casos o quadro clínico exigiu um transplante hepático nas crianças.

Sobre relatos de uma possível ligação a um adenovírus, Philippa Easterbrook, especialista da OMS, reconheceu que é uma hipótese que está a ser estudada, uma vez que foi detetada em 74 dos 169 casos.

Os adenovírus são um grupo de vírus muito comuns que são transmitidos entre pessoas e que muitas vezes causam infeções do sistema respiratório e digestivo, particularmente em crianças.

Os afetados têm entre um mês e 16 anos de idade, sofrendo de sintomas como dor abdominal, diarreia, vómitos, amarelamento da pele e têm um alto nível de enzimas hepáticas.

Já o Centro Europeu de Controlo e Prevenção das Doenças (ECDC) apelou às autoridades de saúde nacionais para efetuarem uma rápida vigilância dos casos de hepatite aguda em crianças, reconhecendo que as suas causas continuam por determinar.

A OMS disse também não ter encontrado uma relação entre os casos de hepatite aguda em crianças e a vacina contra a covid-19 ou o consumo de algum tipo de alimento ou medicamentos. “As causas permanecem sob investigação profunda. Estamos a analisar uma série de fatores subjacentes, infecciosos e não infecciosos, que podem estar a causar os casos” de hepatite cuja origem ainda é desconhecida”, disse Philippa Easterbrook. A especialista adiantou que, com base no que foi observado, a presença dos vírus que causam os diferentes tipos de hepatite conhecida (A, B, C, D ou E) está excluída, bem como as bactérias que causam gastroenterite em crianças.

LUSA

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