Há hospitais que ainda resistem em adotar medicamentos biossimilares
SNS poupou quase 300 milhões em seis anos com estes fármacos mas o benefício poderia ser ainda maior. Estudo aponta caminhos para aumentar a utilização dos biossimilares.
A adoção dos medicamentos biossimilares (menos dispendiosos do que os biológicos de referência) nos hospitais é lenta, diz o estudo “Determinantes, barreiras e facilitadores da utilização de medicamentos biossimilares nos hospitais públicos”, levado a cabo pela APOGEN e da ENSP-NOVA .
Apesar de, nos últimos seis anos, o SNS ter conseguido poupar mais de 290 milhões de euros através da utilização de cinco fármacos biossimilares, a verdade é que a adesão fica aquém do desejado – a taxa de adesão a estes fármacos era de 74% a nível nacional em novembro de 2021, segundo o Infarmed.
O estudo assinala a existência de diferenças substanciais na adoção de medicamentos biossimilares nos hospitais, tanto ao nível das moléculas como das quotas de utilização.
O trabalho incluiu, por um lado, a análise ao consumo de seis substâncias em 39 hospitais entre 2015 e Julho de 2021 e, por outro, um inquérito online, que decorreu entre Junho e Outubro de 2021 enviado a 47 diretores clínicos e 46 diretores dos serviços farmacêuticos de hospitais públicos.
Apesar das desigualdades no acesso, os profissionais de saúde concordam que estes medicamentos são tão seguros e eficazes quanto o medicamento de referência. No entanto, o estudo – realizado pela Associação Portuguesa de Medicamentos Genéricos e Biossimilares (Apogen) e pela Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP) -conclui que existe uma perceção de potenciais barreiras na utilização dos biossimilares, entre as quais se destaca a necessidade de mais informação por parte das entidades do Ministério da Saúde, para maior esclarecimento e confiança dos médicos em relação ao uso destas terapêuticas. Pelo contrário, os farmacêuticos sentem-se mais informados sobre os medicamentos biossimilares, especialmente os pertencentes às Comissões de Farmácia e Terapêutica.
Os inquiridos consideram que o Infarmed, através da Comissão Nacional de Farmácia e Terapêutica (CNFT), tem um papel determinante na adoção dos medicamentos biossimilares. Os resultados assinalam que a informação sobre estes fármacos precisa de ser reforçada por parte do Ministério da Saúde e das sociedades clínicas.
Em termos de acesso, nos últimos seis anos (2015-2021), foram tratados mais de 3 milhões de doentes-dia, apenas com cinco medicamentos biossimilares, no mercado hospitalar. Estima-se que, neste período, estes medicamentos biossimilares libertaram mais de 292 milhões de Euros ao SNS, o que corresponde a mais do dobro da despesa do Centro Hospitalar Universitário de Coimbra, em 2020, com a totalidade dos medicamentos de acordo com o relatório do INFARMED. A utilização de biossimilares permitiu reduzir os custos médios nas terapêuticas biológicas em cerca de 41%.
Estão atualmente comercializados em Portugal 14 biossimiliares (genéricos dos medicamentos biológicos que são feitos a partir de organismos vivos) usados no tratamento de doenças oncológicas, reumatológicas, oftalmológicas, entre outas.
SO/COMUNICADO
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