30 Jan, 2020

Estudo mostra melhoria da função respiratória após cirurgia bariátrica

Seis meses após terem sido submetidos a cirurgia bariátrica, indivíduos obesos apresentaram alterações estruturais nas imagens das vias aéreas que se correlacionaram com a melhoria dos sintomas respiratórios.

A revelação é resultado de um estudo conduzido por especialistas do Hammersmith Hospital em Londres (HH-NHS).

Susan Copley, médica pneumologista, do HH-NHS, e colegas recorreram à tomografia computadorizada de tórax inalatória e expiratória (TC) para avaliar alterações no sistema respiratório de pacientes antes de serem submetidos a cirurgia bariátrica e seis meses após terem sido intervencionados, quando ocorreu perda de peso significativa.

Os resultados revelaram, aos seis meses, reduções significativas de aprisionamento de ar e menor colapso traqueal, o que se correlacionou com a melhoria dos sintomas medidos pelos índices de dispneia, relatada pela equipa.

O estudo, publicado online na revista Radiology, está entre os primeiros a avaliar, in vivo, o especto morfológico da traqueia associada à obesidade antes e após cirurgia bariátrica.

Susan Copley explicou que a ideia de realizar o estudo surgiu após observar diferenças significativas nas imagens da TC de tórax de pacientes obesos e não obesos.

Segundo a especialista do HH-NHS, nos últimos anos tem-se dado maior ênfase ao recurso a TC para avaliar outras condições commumente associadas à obesidade, incluindo a esteatose hepática. Por exemplo, um estudo post-mortem publicado em outubro passado mostrou que o tecido adiposo nas paredes das vias aéreas está associado à obesidade, espessura das paredes e inflamação.

Esse grupo “descobriu que a quantidade real de inflamação nas vias aéreas estava correlacionada com a obesidade, o que suscitou a dúvida se seria reversível com a perda de peso”, disse Copley, acrescentando que os resultados do estudo de sua equipe sugerem que sim.

Detalhes do Estudo

A análise prospetiva e longitudinal incluiu 51 pacientes obesos tratados consecutivamente com cirurgia bariátrica, de novembro de 2011 a novembro de 2013. Todos os pacientes foram submetidos a TC torácica inspiratória limitada e expiratória final antes e após a cirurgia, com testes de função pulmonar simultâneos, cálculo do índice de massa corporal e escala de dispneia modificada do Medical Research Council (mMRC) e pontuação Epworth.

Dois radiologistas avaliaram a TC torácica, o aprisionamento do ar expiratório final e a forma traqueal. Foram medidas as áreas de secção transversal inspiratória e expiratória final da traqueia.

A idade média dos pacientes foi de 52 anos, sendo 20 dos pacientes do sexo masculino. Antes da cirurgia bariátrica, a extensão do aprisionamento de ar correlacionou-se mais fortemente com a diminuição da capacidade pulmonar total, constataram os investigadores.

Após a cirurgia, a alteração do score de dispneia mMRC correlacionou-se positivamente com a alteração da extensão da retenção de ar e a alteração da forma da traqueia.

“Uma descoberta realmente interessante foi a de que a tomografia computadorizada correlacionou melhor os sintomas do que as medidas da função pulmonar”, disse Copley, acrescentando que isso sugere que a tomografia computadorizada pode ser um marcador morfológico pulmonar mais útil para a inflamação das vias aéreas na obesidade do que o teste da função pulmonar.

Ainda assim, o estudo “demonstrou alterações morfológicas da TC nas vias aéreas grandes e pequenas, secundárias à obesidade, que foram reversíveis após a cirurgia bariátrica e correlacionadas com a melhoria da sintomatologia”, afirmou Copley e coautores.

MMM/SO

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