Especialista e interna de Psiquiatria lançam livro “simples e intuitivo” para diferentes especialidades

Diana Pereira, médica psiquiatra e Joana Pereira, médica interna de Psiquiatria, são as coordenadoras de dois livros que abordam conceitos e esquemas terapêuticos na área da saúde mental.

A pensar em todos os internos e especialistas que têm de ter conhecimentos básicos de Psiquiatria, foram lançados, em janeiro, dois livros: “Raciocínio Clínico em Psiquiatria”, Volume I – Principais Entidades Psiquiátricas e Volume II – Entidades Neuropsiquiátricas e Relacionadas (LIDEL). São duas obras que contaram com a colaboração de 55 profissionais de saúde, tendo ficado a coordenação a cargo de Diana Pereira e Joana Pereira.

A ideia surgiu quando as coordenadoras se aperceberam de que era preciso haver livros “mais simples e intuitivos” na área da Psiquiatria. “Ao longo dos 6 anos do curso de Medicina não nos focamos tanto na saúde mental e quando iniciamos a nossa formação deparamo-nos com uma linguagem muito diferente”, diz Diana Pereira.

Inicialmente, pensou-se em ter como público-alvo os internos e especialistas de Medicina Geral e Familiar (MGF), mas rapidamente se chegou à conclusão que poderia ser uma ajuda para qualquer especialidade. “Todos os médicos tratam pessoas com doença mental, convém terem conhecimentos básicos ”, realça Joana Pereira.

Os autores não se cingiram somente a explicar conceitos. Abordam em cada patologia os tratamentos, dividindo-os em fase aguda e fase grave. “Pretendeu-se condensar a informação, facilitando a consulta e indicando também as guidelines”, reitera Joana Pereira.  No conjunto destas patologias incluem-se diversas perturbações: humor, psicóticas, ansiedade, obsessivo-compulsivas e de personalidade. Abordam-se ainda as perturbações do neurodesenvolvimento, as neurocognitivas, as do sono e as aditivas.

Questionadas sobre as que mais as preocupam como profissionais de saúde, após um período pandémico, consideram que, da sua experiência, têm-se destacado sobretudo a depressão e a ansiedade. “Os problemas sociais, como desemprego, e a insegurança que se viveu contribuiu para o desenvolvimento ou recrudescimento das patologias ansiosa e depressiva”, salienta Diana Pereira. Além disso, acrescenta, “as dificuldades de acesso a consultas e às urgências numa primeira fase também levaram ao agravamento de alguns doentes, nomeadamente nos casos de perturbação psicótica.”

Relativamente à farmacologia, e face às notícias de um possível abuso de benzodiazepinas, Joana Pereira é categórica. “Não podemos ver as benzodiazepinas de um modo tão negativo. Com prescrição médica, são importantes na fase aguda, para aliviar o sofrimento e, de acordo com os últimos estudos, não existe uma relação comprovada entre o seu uso e a perda de memória”.

O mesmo pensa Diana Pereira, mesmo que estes fármacos “não possam ser vistos como a solução para o problema”.

SO

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