14 Nov, 2018

Administradores alertam para dificuldades no acesso a colonoscopias

O presidente da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares, Alexandre Lourenço, defende a criação de vias verdes na oncologia como forma de reduzir o tempo ainda “demasiado grande” entre o diagnóstico de cancro e o início do tratamento.

Este vai ser um dos temas em debate no Fórum do Medicamento, que decorre na sexta-feira em Lisboa, iniciativa da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares, segundo disse à agência Lusa o presidente do organismo, Alexandre Lourenço.

“Vamos debater o acesso atempado a cuidados de saúde na oncologia através da criação de vias verdes. Entre o diagnóstico e o momento em que iniciamos um tratamento existe um longo período, um período demasiado grande”, afirmou.

Em entrevista à Lusa, Alexandre Lourenço explicou que um dos casos concretos em discussão será a criação de uma via verde para o cancro do pulmão, uma patologia em que é “completamente crucial” iniciar o tratamento o mais cedo possível.

“Na prática, trata-se de encontrar mecanismos no sistema de saúde e formas de referenciação imediata dos doentes quando existe alguma sintomatologia, encaminhando para o hospital o doente no mais curto espaço de tempo”, indicou.

Para Alexandre Lourenço, ainda é “demasiado alargado” o tempo de espera entre o médico de família e a consulta de especialidade hospitalar, mesmo nos casos oncológicos, porque há dificuldade de aceder a consultas de especialidade.

Os administradores hospitalares reconhecem que no caso da oncologia o acesso a consultas é menos dificultado do que noutras especialidades, mas os tempos de espera “continuam a ser exagerados”.

No caso do cancro do colo e do reto, por exemplo, Alexandre Lourenço afirmou que continuam a registar-se dificuldades no acesso aos exames, às colonoscopias. “Dentro dos hospitais públicos, apesar da melhoria substantiva nos últimos anos, continua a existir uma restrição muito elevada ao acesso [às colonoscopias]. Por falta de anestesiologistas, por falta de especialistas em gastroenterologia, por falta de equipamentos ou equipamentos obsoletos”, indicou.

O presidente da associação dos administradores hospitalares defende que é necessário fazer a medição do tempo que separa o diagnóstico do início do tratamento, o que não acontece: “Nem sequer conseguimos medir esse tempo. Fazemos uma suposição desses tempos por sabermos o tempo [de espera] para consultas de especialidade e para tratamento”.

Muito se advoga sobre a deteção precoce dos cancros, que Alexandre Lourenço subscreve como sendo essencial, mas alerta, contudo, que isso não basta: “Importa encurtar os tempos entre o momento em que o diagnóstico é feito e se inicia o tratamento”.

No Fórum do Medicamento que começa na sexta-feira em Lisboa será ainda debatida a questão da equidade no acesso aos tratamentos oncológicos, uma área que continua a ter “grandes variações”.

“Continuamos com enorme variabilidade no acesso à melhor resposta possível. Continuamos com problemas quer no acesso à radioterapia, ao medicamento ou a consultas de especialidade, com grandes variações.

No Fórum deverá ainda ser explorado o projeto-piloto em curso no Instituto Português de Oncologia do Porto que visa desenvolver um modelo de financiamento centrado nos resultados obtidos e que vai ser focado no cancro do pulmão.

LUSA

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