8 Nov, 2019

Em contraciclo com a Europa, salário de médicos e enfermeiros baixou em sete anos

Médicos e enfermeiros portugueses são dos poucos que viram salário reduzido. Falta de valorização salarial é um dos fatores que potencia emigração.

Médicos e enfermeiros portugueses enfrentaram uma redução de salários, de acordo com o relatório da OCDE Health at a Glance 2019, divulgado ontem.

O relatório acompanha a evolução salarial dos médicos especialistas e de clínica geral de 11 países e Portugal é o único onde os vencimentos caíram desde 2010 até 2017. Os médicos de medicina geral estavam a ganhar menos 1,3% e os especialistas menos 0,9% em média por ano, escreve o jornal Público.

A Hungria foi o país que mais valorizou os salários dos médicos, com subidas de 8,7 e 10,2%, respetivamente. O relatório sublinha que a medida do governo húngaro foi fulcral para estancar a saída de profissionais do país. Também a Estónia e Israel se destacam neste indicador.

Em Portugal, além das exigência de atualização salarial, os médicos reclamam melhores condições de trabalho e mais tempo para fazerem investigação, por exemplo. Descontentes, muitos optam por fazer carreira no setor privado ou mesmo por sair do país.

Também o vencimento dos enfermeiros caiu a partir de 2010. À semelhança dos médicos, a perda salarial ocorreu em contraciclo com a maioria dos países da OCDE, onde os vencimentos aumentaram no mesmo período. Em muitos países, os aumentos foram bastante expressivos: mais 43% na Eslováquia; 32% da República Checa; 22% na Noruega. Embora também tenham sofrido uma brusca quebra salarial em 2012 (no pico da crise), os enfermeiros espanhóis já recuperaram, ainda que ligeiramente, da desvalorização e, em 2017, ganhavam mais do que em 2010.

Nos últimos anos, e confrontados com a falta de oportunidades de emprego, muitos enfermeiros portugueses saíram do país em direção ao Reino Unido, Irlanda ou Alemanha. 2019 pode mesmo bater o recorde do ano em que mais enfermeiros pediram à Ordem declarações para poderem trabalhar no estrangeiro. Só até junho, a Ordem já tinha emitido 2321 declarações (o ano com mais pedidos é o de 2014, com 2814).

TC/SO

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