16 Nov, 2021

DPOC. “A reabilitação respiratória em Portugal está num estado muito preocupante”

Estima-se que só cerca de 2% dos doentes com DPOC tenham acesso à reabilitação respiratória, diz a presidente da Associação RESPIRA, que sublinha o impacto negativo da pandemia no acesso aos cuidados.

Em que ponto estamos relativamente à reabilitação respiratória dos doentes com DPOC?

Estamos num ponto preocupante. Estima-se que só cerca de 2% dos doentes tenham acesso à reabilitação. Mesmo antes da pandemia, as pessoas já tinham um acesso dificultado à reabilitação respiratória. Com a suspensão dos cuidados, os hospitais e centros de saúde ficaram praticamente dedicados ao tratamento da Covid. Os locais dentro das unidades de saúde que estavam alocados à reabilitação respiratória foram transformados em zonas covid.

Isso fez com que muitos doentes com DPOC diagnosticada tivessem visto os seus tratamentos suspensos, em muitos casos até hoje. A somar a estes, juntaram-se mais dois grupos: os de novos doentes com DPOC com indicação para reabilitação respiratória e doentes com sequelas da Covid-19, o chamado longo covid. Isto faz com que a reabilitação respiratória em Portugal esteja num estado muito preocupante.

O que está a ser feito para minorar esse cenário?

Há outras duas vias para a realizar a reabilitação respiratória: a telerreabilitação (com guidelines que assegurem a qualidade do processo) e a reabilitação domiciliária. São duas alternativas que estão ainda a dar os primeiros passos – precisam de ser aprofundadas e divulgadas – mas que podem ser um caminho para quem não consegue aceder à reabilitação nos estabelecimentos de saúde. Uma das questões que se coloca é a proximidade, uma vez que muitas pessoas podem ter de fazer deslocações longas e estamos a falar de um processo que decorre duas a três vezes por semana. A maior parte dos centros de reabilitação respiratória está localizada no litoral.

Que percentagem dos doentes com DPOC se estima precisarem de reabilitação?

Há 800 mil pessoas com DPOC em Portugal. Não lhe sei dizer quantos precisam de reabilitação mas certamente que é um número considerável.

Há um problema de organização dos serviços de saúde respiratória?

Sim. É fundamental que a saúde respiratória e a reabilitação respiratória sejam repensadas. É preciso alocar a estas áreas recursos financeiros e humanos para tratar os doentes e para lhes dar qualidade de vida.

SO

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