Asma afeta cerca de 700 mil portugueses

Hoje, dia 7 de maio, comemora-se o Dia Mundial da Asma. Para assinalar a data, a Sociedade Portuguesa de Pneumonologia dá início à 3.ª edição da campanha "Vencer a Asma".

Esta iniciativa irá lançar um vídeo de sensibilização para a importância de controlar a doença, contando com diversos testemunhos de especialistas e associações, de forma a incentivar os indivíduos com esta doença a estarem de vigia e de ter uma relação próxima com o seu médico assistente.

De acordo com a Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica, “a asma é uma doença respiratória crónica frequente e potencialmente grave, que afeta crianças e adultos, e que não tendo cura pode ser controlada”.

Estima-se que existam 334 milhões de asmáticos por todo o mundo, sendo em Portugal, segundo dados do Sistema Nacional de Saúde “uma doença subdiagnosticada e subtratada que afeta cerca de 700 mil portugueses (6,8% da população) e cerca de 175 mil crianças e adolescentes (8,4% das crianças)”.

Apesar da elevada prevalência de casos, cerca de metade dos doentes asmáticos (entre os 43 e os 47%) não têm a asma controlada, nem a noção do do descontrolo da doença, o que faz com que não procurem ajuda para melhorar a situação, tornando, posteriormente, mais difícil encontrar o tratamento mais adequado. Assim, as idas às urgências e os internamentos hospitalares são cada vez mais regulares. Além disso, é importante que as pessoas com esta doença tenham a noção de que a falta de tratamento pode originar uma deterioração da função pulmonar, que pode, por sua vez, pode resultar, numa fase avançada, em insuficiência respiratória com um elevado nível de incapacidade para a realização das tarefas diárias, como subir as escadas ou tomar um duche. Segundo o Grupo de Estudos em Doenças Respiratórias da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (GRESP), um doente asmático cuja patologia não esteja controlada pode custar cerca de 1.400€, por ano, ao Estado.

Estima-se que metade dos doentes com asma sob terapêutica crónica não tomam a medicação de acordo com o guia de tratamento. Os riscos associados ao não cumprimento incluem aumento do número de hospitalizações asssociadas à asma, idas ao serviço de urgência, consultas médicas não programadas, absentismo profissional e escolar e diminuição da qualidade de vida do doente e família”, defende Rita Gerardo, médica pneumologista da Sociedade Portuguesa de Pneumologia.

Sobre a importância do correto tratamento da asma, Rui Costa, especialista em Medicina Geral e Familiar e coordenador do GRESP, refere:

A maior dificuldade reside na utilização correta dos dispositivos inalatórios e na sua utilização diária e prolongada. É essencial ensinar corretamente os doentes a utilizar o inalador e verificar, regularmente, a utilização pela equipa de saúde, pelo médico e/ou enfermeiro”.

Elisa Pedro, presidente da Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica, adverte que o doente “deve falar com o seu médico sobre as limitações que sente, sobretudo o que gostaria de fazer e não consegue ou tem medo de tentar. Deve assumir que precisa de ajuda e confirmar se está a utilizar o inalador corretamente e, também, procurar sempre o tratamento mais adequado para o seu caso”.

A educação do doente, bem como a implementação de programas de intervenção multidisciplinares, permitem um melhor conhecimento da utilização dos fármacos, nomeadamente dos inaladores e dos motivos geradores do não controlo da doença. Adicionalmente, a relação médico-doente, baseada numa comunicação aberta e transparente, é um dos principais fatores críticos de sucesso. A educação é essencial, importa que a doença seja gerida em conjunto pelos profissionais de saúde e pelo asmático e seus familiares”, afirma Mário Morais de Almeida, presidente da Associação Portuguesa de Asmáticos.

A iniciativa conta ainda com o apoio do Grupo de Estudos em Doenças Respiratórias da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (GRESP), Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica (SPAIC), Associação Portuguesa de Asmáticos (APA) e GlaxoSmithKline (GSK).

Ao mesmo tempo que decorre esta iniciativa, também a Global Initiative for Asthma (GINA) elabora mais uma edição da campanha “STOP for Asthma”, cujo objetivo passa, tal como a “Vencer a Asma”, sensibilizar a população para a necessidade de conhecer a asma e as suas complicações, procurando melhorar a adesão ao tratamento e parar a evolução da doença.

Erica Quaresma

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