Cancro da próstata poderá afetar um em cada seis homens em São Tomé e Príncipe

O médico português Pedro Monteiro, do Programa Saúde para Todos, considera que um em cada seis homens de São Tomé e Príncipe pode vir a ter cancro da próstata.

“Não se pode dizer que o cancro da próstata seja propriamente uma doença alarmante em São Tomé, mas é muito frequente, pois um em cada seis homens acabarão por vir a ter o cancro da próstata”, disse Pedro Monteiro.”Mas na verdade estamos a diagnosticar cancros da próstata todos em fase avançada, todos com indicação para fazer só tratamento para diminuir as queixas da doença”, explicou o médico.

Nos últimos 15 dias uma equipa médica de urologia do Programa Saúde para Todos efetuou no Centro Hospitalar de São Tomé, consultas a mais de 90 doentes e fez 21 cirurgias, tendo constatado que o cancro na próstata domina as enfermidades urológicas no país. Entre os doentes operados, destaca-se dois casos complicados.

“Foram as cirurgias mais exigentes, tivemos outras cirurgias de doentes com cancro da próstata, mas são para tratamento de doença avançada, não se pode pretender curar estes doentes, mas pode-se atrasar a progressão da doença o suficiente para terem uma vida com melhor qualidade, terem maior tempo de vida”, sublinhou.

Desde 2010 este programa envia trimestralmente para o arquipélago, equipas médicas de urologia, no âmbito de um protocolo na área da saúde, entre o Governo são-tomense e o Instituto Marquês de Vale Flor (IMVF) e financiado pelo Programa Estratégico de Cooperação (PEC), orçado em mais de 55 milhões de euros e com duração até 2021.

“Temos a salientar que esta missão foi importante porque chegou-se a culminar a aposta feita no diagnóstico do cancro da próstata e conseguiu-se diagnosticar casos já com rapidez suficiente para se poder propor tratamento com intenção de curar”, disse. O médico português sublinha que, nos últimos oito anos, o índice do cancro da próstata tem conhecido uma tendência variável, dependendo do estado dos pacientes, mas os diagnósticos apontam sempre para um aumento de novos casos.

“De doentes algaliados temos progressivamente menos, foi uma aposta grande no início, temos capacidade para fazer mais e com menos agressividade desses doentes, já temos equipamento melhor cá, mas a capacidade de diagnóstico está a aumentar e vão aparecer mais” precisou e especialista português.

Pedro Monteiro garante que o Centro Hospitalar de São Tomé, o principal do país “tem capacidade para fazer o tratamento de doentes em fase avançada que precisam de tratamento para deixar de ter consequência das complicações de uma doença avançada”. “Estamos melhor que em 2010 quando chegamos cá pela primeira vez” (…) “antes de nós virmos, os doentes que eram algaliados, ou viviam algaliados e se conformavam com a situação ou não haviam grandes hipóteses e tinham que ser evacuados”, explicou. Alterações genéticas e ambientais são apontados pelo médico como estando na origem desta enfermidade que, regra geral, se manifesta nos homens a partir dos 55 anos.

A próxima missão de urologia de Saúde para Todos deverá regressar a são Tomé e Príncipe em finais de junho e estão já programadas 12 cirurgias.

LUSA/SO

Print Friendly, PDF & Email
ler mais
Print Friendly, PDF & Email
ler mais