Associações impulsionam avanço científico com lançamento da 1ª Bolsa de Investigação em Osteoporose

Com o objetivo de promover a inovação na osteoporose, foi criada a 1ª Bolsa de Investigação nesta área no valor de 10.000€. Ao Saúde Online, a reumatologista Viviana Tavares, presidente da APOROS, uma das entidades impulsionadoras desta iniciativa, lamenta os poucos avanços científicos e o desinvestimento numa doença que afeta entre 700 a 800 mil portugueses.

Como é que surgiu a ideia de criar esta bolsa?

A 1ª edição da Bolsa de Investigação em Osteoporose é um projeto conjunto da Sociedade Portuguesa de Reumatologia (SPR), da Sociedade Portuguesa de Osteoporose e Doenças Ósseas Metabólicas (SPODOM) e da Associação Nacional contra a Osteoporose (APOROS), com o apoio da Amgen e consubstancia-se na criação de uma bolsa de investigação na área da Osteoporose, uma patologia que apesar da elevada prevalência, tem estado algo arredada de algum avanço na investigação e no conhecimento.

Com a realização do estudo EpiReuma foi possível progredir na vertente epidemiológica, o que foi importante para percebermos qual é a prevalência da Osteoporose no nosso país, assim como o contributo do grupo de trabalho liderado pelo Prof. Pereira da Silva nesta área. Contudo, existem ainda alguns aspetos um pouco esquecidos como o conhecimento dos fatores de risco, das indicações para a densitometria e das opções terapêuticas. Talvez tenham caído no esquecimento pela falta de novas opções terapêuticas nos últimos anos. Portanto, achámos que seria uma boa ideia lançar esta iniciativa.

E quem é que se pode candidatar a esta bolsa?

Todos os profissionais de saúde, médicos e não-médicos, e investigadores da área da saúde. É uma bolsa muito abrangente, podendo abarcar um estudo epidemiológico, uma investigação básica, um projeto de boas práticas clínicas ou de implementação de cuidados de saúde primários, o que é importantíssimo.

E como se processa a candidatura?

A candidatura pode ser feita através do preenchimento de um formulário e de uma apresentação do projeto, explicando qual o objetivo, os materiais necessários, o método utilizado, entre outros aspetos habituais nestes processos. Nos sites da APOROS, da SPR e da SPODOM podem encontrar os links diretos para a inscrição e para o regulamento.

Que critérios serão considerados para a seleção do projeto vencedor?

Serão certamente tidos em conta os aspetos de inovação e de exequibilidade do projeto, assim como o impacto que possa vir a ter numa melhor abordagem da osteoporose.

Atualmente, quais as principais preocupações relativamente à osteoporose?

É uma patologia em que o principal problema está relacionado com as fraturas. O que nos interessa não é tanto a prevalência da osteoporose em si, mas a incidência das fraturas. As fraturas do colo do fémur são das mais fáceis de avaliar na sua incidência e continuamos a assistir a um aumento do número de casos. É preocupante, e persiste desde há muitos anos, o não tratamento de doentes idosos e o não tratamento de pessoas com fratura do colo do fémur, que representam o grupo de maior risco e que têm uma morbilidade e mortalidade muito elevadas e que continuam sem acompanhamento mesmo depois da lesão.

Que outras iniciativas podem ser feitas para promover a inovação nesta área?

Evidentemente que, na investigação, as bolsas são fundamentais. O interesse por outras patologias, que também são importantes, como a diabetes e o cancro, faz com que não se pense tanto na Osteoporose, pelo menos no nosso país e em projetos que não sejam de investigação básica. Há muito trabalho desenvolvido a nível do osso em investigação básica, nomeadamente pelo Instituto de Medicina Molecular (iMM), pela SPR, entre outras instituições, mas em relação a projetos de boas práticas em cuidados primários, penso que se investe pouco. Até mesmo por parte das autoridades de saúde, que frequentemente se esquecem que há coisas simples que se podem fazer na área da Osteoporose. Por exemplo, tal como existem nos programas clínicos, para os médicos utilizarem, alertas para certas patologias, deveriam existir alertas para as fraturas. Tornava este problema mais visível e lembraria ao médico de que aquele doente precisa de cuidado adicional.

Mónica Abreu Silva

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