23 Dez, 2024

Allergy & Respiratory Summit: Evento “pioneiro” promove abordagem integrada em saúde respiratória e alergias

Rui Costa, médico de família e um dos coordenadores do Allergy & Respiratory Summit - juntamente com Mário Morais de Almeida, imunoalergologista -, destaca a abrangência pioneira do congresso, que inclui sessões para médicos, enfermeiros e farmacêuticos, visando melhorar a literacia em saúde respiratória e alergias. A 2.ª edição do evento decorrerá de 13 a 15 de fevereiro de 2025, no Porto.

O que distingue este congresso “pioneiro” na área da saúde respiratória?
Este congresso foi criado por mim e pelo Dr. Mário Morais de Almeida e envolve um conjunto de formadores de várias áreas, como Medicina Geral e Familiar, Imunoalergologia e Pneumologia. O que o torna pioneiro é a abrangência do plano educacional, que vai além da construção do programa do summit. Inclui também material educativo para a população e para médicos e outras classes profissionais, como enfermeiros e farmacêuticos.

Nesta segunda edição, por exemplo, teremos uma sessão dedicada exclusivamente a enfermeiros e farmacêuticos, no sábado, que abordará temas como a vacinação do adulto e a técnica inalatória. Além disso, dinamizamos as redes sociais e o site com informação educativa, partilhando artigos científicos, notícias relevantes e conteúdos direcionados não só à comunidade médica, mas também ao público em geral. Isso inclui desmistificar mitos e factos sobre saúde respiratória e alérgica.

 

Como são definidos os temas a incluir no programa?
A escolha dos temas baseia-se na mais recente evidência científica, nas necessidades identificadas nas consultas e nas sugestões dos participantes de edições anteriores. O nosso objetivo é sempre proporcionar numa abordagem didática e interativa uma atualização abrangente, diversificada, relevante e útil para os profissionais de saúde, que se traduza em melhoria da prática clínica com benefícios reais para os doentes.

 

Qual foi o feedback da edição anterior?
O feedback foi extremamente positivo. Na primeira edição, tivemos mais de 730 participantes, um número considerável, tendo em conta a quantidade de eventos nesta área. Este ano, ultrapassámos as expectativas, com cerca de 1.200 inscrições. Isso reflete o reconhecimento da qualidade e da relevância do congresso.

Este sucesso é fruto do trabalho multidisciplinar de profissionais dedicados às doenças alérgicas e respiratórias, tanto nos cuidados de saúde primários, com médicos de família, como nos hospitalares, com imunologistas e pneumologistas. A abordagem integrada e interativa destas patologias permite que os profissionais transponham o conhecimento adquirido para a sua prática clínica, melhorando a qualidade assistencial e, consequentemente, o futuro da saúde da população.

 

Há temas ou sessões que gostaria de destacar nesta edição?
Temos alguns convidados que nos vão falar sobre temas que habitualmente não são abordados. Por exemplo, o tema da tuberculose pulmonar no século XXI, em que houve mudanças significativas tanto no diagnóstico como na terapêutica. A convidada será a Prof.ª Raquel Duarte, uma referência internacional nesta área e uma excelente comunicadora.

Teremos também uma sessão sobre a condição pós-covid, uma área em que ainda há muita procura de informação e que está em constante evolução. Vai ser apresentada pelo Prof. Filipe Froes.

Haverá também uma sessão sobre tosse crónica, um tema cada vez mais pertinente, transversal a múltiplas doenças e que pode até não ser sintoma de doença, mas sim uma síndrome. Esta sessão será apresentada por mim e pelo Dr. Mário Morais de Almeida, e estamos inclusivamente a desenvolver um livro sobre esta temática.

Outra sessão que considero fantástica será dedicada aos “10 mandamentos da Asma e da DPOC”, onde vamos transmitir 10 mensagens essenciais sobre asma e sobre DPOC para a Medicina Geral e Familiar. Vamos também abordar o tema da cessação tabágica, incluindo o tratamento farmacológico facilitado pela comparticipação de alguns medicamentos.

Penso que estas são algumas das sessões que podem fazer a diferença. Como referi, no sábado, haverá um curso direcionado a enfermeiros e farmacêuticos, sobre vacinação no adulto e técnica inalatória. Queremos fazer algo diferente do habitual, com quinta e sexta-feira dedicadas aos médicos e sábado de manhã exclusivamente para enfermeiros e farmacêuticos, que têm um papel cada vez mais interventivo e relevante na educação e literacia em saúde da população. O objetivo é falarmos todos a mesma linguagem, contribuindo para uma medicina melhor, de forma a que os nossos doentes sejam mais bem tratados em Portugal.

Além disso, teremos uma sessão completamente inovadora, inspirada na que realizámos no ano passado, chamada Allergy Respiratory League 2025. Será um momento em que desafiamos os participantes com perguntas relacionadas com doenças respiratórias e alérgicas. Serão questões simples, mas diversificadas, e funcionará como um jogo que transmite mensagens importantes do ponto de vista científico, enriquecendo o restante programa do Allergy & Respiratory Summit. Também introduziremos, pontualmente, questões de cultura geral para criar um ambiente mais descontraído, permitindo aprender de forma divertida e atrativa.

 

Estes cursos para enfermeiros e farmacêuticos trazem benefícios na abordagem integrada dos cuidados de saúde primários?
Sem dúvida. É crucial que todos os intervenientes dos cuidados de saúde primários, como médicos e enfermeiros de família, bem como farmacêuticos, trabalhem de forma integrada.

Os farmacêuticos, em particular, desempenham um papel fundamental na educação e no ensino da técnica inalatória, que é frequentemente um ponto fraco no tratamento de doenças respiratórias como a asma e a DPOC. Garantir que os doentes utilizam corretamente os inaladores é vital para o sucesso terapêutico e para o controlo destas condições.

 

Quais são os maiores desafios na formação dos médicos de família nesta área? Deveriam ser criados mais eventos deste género?
Existem já vários eventos, mas o desafio está em criar iniciativas que respondam às verdadeiras necessidades do médico de família. Estes profissionais precisam de saber diagnosticar corretamente, tratar eficazmente e decidir quando encaminhar para cuidados especializados.

A formação deve ser prática, interativa e aplicável no dia a dia. Mais do que transmitir conhecimento, os eventos devem ser transformadores e inspirar mudanças na prática clínica dos participantes, com base na melhor evidência científica.

O conhecimento é dinâmico e está em contínua evolução e a prática clínica tem de acompanhar esta evolução para garantir os melhores cuidados de saúde. O Allergy & Respiratory Summit tem conseguido responder a este desafio.

 

Referiu que vai lançar um livro sobre tosse crónica, com Mário Moraes de Almeida. O que nos pode adiantar sobre este projeto?
Planeamos lançar o livro em fevereiro, durante o Allergy & Respiratory Summit. Será uma oportunidade para alertar para a importância da abordagem e gestão correta da tosse e contribuir para a educação contínua dos profissionais de saúde.

 

Quais são as suas expectativas para o futuro deste congresso?
Queremos continuar a crescer, mantendo um elevado padrão de qualidade e a relevância científica e educacional do evento. O objetivo é atrair mais participantes e contribuir para a promoção de uma melhor prática clínica e da qualidade assistencial, com impacto relevante na saúde da população.

Sílvia Malheiro

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