A influência da Diabetes no Dedo em Gatilho
Especialidade de Ortopedia. Unidade de Mão e Punho do Hospital CUF Descobertas

A influência da Diabetes no Dedo em Gatilho

A tenossinovite estenosante, normalmente conhecida por Dedo em Gatilho, envolve as poleias e tendões dos flexores dos dedos da mão. Os tendões funcionam como longas cordas desde os músculos no antebraço até chegarem aos dedos. Neste Dia Mundial da Diabetes (14 de novembro), a verdadeira questão é: qual a relação da patologia com a Diabetes?

O dedo em gatilho acontece quando o tendão desenvolve um nódulo ou edema da película envolvente. Quando o tendão aumenta de volume provoca dor, ressalto e/ou sensação de dedo preso. Isto provoca um círculo vicioso entre o gatilho, inflamação e edema, o que leva em alguns casos a um bloqueio, não sendo possível dobrar ou esticar o dedo envolvido.

A diabetes é um fator de risco para o desenvolvimento do dedo em gatilho. É estimada uma prevalência de 5 a 20% ao contrário dos 2% da população geral, sendo que a idade e a duração da diabetes são fatores de risco independentes para o aparecimento do famoso dedo em mola. Os sintomas surgem, por norma, num estadio mais avançado, afetando frequentemente vários dedos e ambas as mãos.

Sendo esta patologia uma das mais comuns nas mãos, é verdade que existem múltiplas contribuições para o aparecimento dos sintomas. Os gestos repetitivos podem estar na origem e podem levar a alguns sintomas como ligeiro desconforto na base do dedo, o dedo começar a ficar bloqueado e provocar ressalto ou pode haver um espessamento ou nódulo. A mão diabética (artropatia da mão diabética) manifesta-se por uma rigidez das articulações interfalângicas, podendo até ser interpretada como uma progressão do dedo em gatilho e não uma entidade distinta.

No que diz respeito ao tratamento, há opções conservadoras que podem ser eficazes nos estadios mais precoces. Em fase tardia, ocorre uma contratura fixa em flexão que deve ser tratada cirurgicamente. O tratamento neste caso tem uma taxa de sucesso perto dos 95% e é, hoje em dia, realizado em regime de ambulatório. Nos doentes diabéticos, os tratamentos menos invasivos – tala e anti-inflamatórios – são menos eficazes do que na população não diabética. Por esta razão, a infiltração com corticoide é o gold standard do tratamento conservador tendo como objectivo diminuir o processo inflamatório. As taxas de sucesso da infiltração variam entre os 30 e 60% (ligeiramente inferiores comparativamente aos doentes não diabéticos).

Por último, a melhor forma de prevenir o aparecimento de complicações nas mãos passa apenas e só pelo controlo exemplar da glicemia.

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