16 Set, 2025

“A Hospitalização Domiciliária demonstra eficácia e eficiência e tem uma taxa de agrado acima dos 95%”

No ano em que se assinala uma década da primeira admissão em Hospitalização Domiciliária, e a poucos dias do 5.º Congresso Nacional da área, que decorre a 19 e 20 de setembro em Lagos, Olga Gonçalves, coordenadora do Núcleo de Estudos da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna, destaca a expansão a todos os hospitais do SNS, a satisfação acima dos 95% e a promessa de um futuro ainda mais inovador e humano.

“A Hospitalização Domiciliária demonstra eficácia e eficiência e tem uma taxa de agrado acima dos 95%”

O congresso assinala os 10 anos da primeira admissão em Hospitalização Domiciliária. Que balanço faz desta evolução no Serviço Nacional de Saúde (SNS)?
Um balanço francamente positivo e sustentador de esperança: o projeto de internar em casa com a qualidade do hospital e o conforto do domicílio, iniciado em 16 de novembro de 2015, está estendido a todos os hospitais do SNS (e algumas unidades privadas), demonstra eficácia e eficiência, tem uma taxa de agrado de doentes e famílias/cuidadores acima dos 95% e há um horizonte promissor de melhoria.

 

Quais foram os marcos mais relevantes e que impacto tiveram para os doentes e para os hospitais?
a) O início da atividade pela UHD do Hospital Garcia de Orta, em 2015

b) O suporte legislativo para a HD, a saber:
– Definição da estratégia nacional de implementação das UHD no SNS e o respetivo modelo de regulamento interno (princípios, regras de organização e funcionamento, bem como critérios de acesso e integração dos doentes em cuidados domiciliário) Despacho n.º 9323-A/2018, de 3 outubro.
– Definição da terapêutica, da monitorização, das equipas de saúde, da referenciação e dos critérios aplicáveis à HD – Norma de Orientação Clínica (NOC) n.º 020/2018, de 20 de dezembro de 2018, da Direção-Geral da Saúde (DGS).
– Promoção do consolidar e do desenvolvimento de UHD nos estabelecimentos hospitalares do SNS, com vista ao alargamento deste modelo de prestação de cuidados de saúde a todos os estabelecimentos hospitalares do SNS – Despacho n.º 12333/2019, de 23 de dezembro.
– Definição do processo para a construção do modelo de avaliação de desempenho das equipas dedicadas às UHD, organizadas em centros de responsabilidade integrado (CRI) no SNS – Despacho n.º 2870/2024, de 18 de março.
– Regulação do índice de desempenho de equipa que integra o CRI de HD, bem como os termos de atribuição dos incentivos institucionais Portaria n.º 310/2024/1, de 3 de dezembro.

c) A designação e a excelência do desempenho do Coordenador Nacional até maio de 2025, Dr. Delfim Rodrigues.

d) O entusiasmo, a dedicação e a partilha das equipas das UHD que permitiram rápida disseminação do modo concreto de atuação em HD e dos seus requisitos.

e) Os tempos de reflexão e debate alargado ocorridos (os Congressos Nacionais HD e os Encontros de HD).

 

Apesar de todos os hospitais do SNS já terem equipas de HD, que obstáculos ainda persistem na consolidação deste modelo?
Uma perfeita compreensão do que é a HD pelos decisores em algumas ULS, a necessidade de uma melhor divulgação intra-hospitalar e na comunidade, o desenvolvimento de protocolos de atuação, a escassez de cuidadores e a não-resposta social a este problema são os obstáculos de mais premente resolução.

 

Um dos temas da 5.ª edição do Congresso Nacional de Hospitalização Domiciliária é a criação de CRI em HD. Que mudanças concretas trarão para a autonomia e sustentabilidade das equipas?
Sendo a forma de viabilização do trabalho das Equipas das UHD que o Ministério promove para “cumprir o desempenho assistencial, no que à HD respeita, conforme determinado no quadro global de referência”, a organização em CRI é ainda pouco expressiva a nível nacional. A partilha de experiências pelas equipas já assim em funcionamento, durante o 5.º Congresso Nacional HD, será certamente oportunidade para esclarecer dúvidas e robustecer convicções.

 

Como está a decorrer a articulação com os Cuidados de Saúde Primários, no contexto das novas Unidades Locais de Saúde?
Embora absolutamente indispensável, decorre a um ritmo não acelerado. A este nível carecemos de mais concertada interação em benefício dos doentes.

 

Que papel pode a Hospitalização Domiciliária ter no futuro do SNS, em termos de inovação, eficiência e humanização dos cuidados?
Cabe-lhe o papel de ser a melhor – mais eficaz, eficiente e efetiva (como usava dizer o Dr. Delfim Rodrigues) – forma de ter tratamento de ordem hospitalar, na maioria de situações.

 

Sílvia Malheiro 

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