“A greve acaba quando o governo quiser”. Paralisação dos enfermeiros já adiou mais de 2000 cirurgias

Ao quinto dia de greve, adesão continua acima dos 95% e protesto não dá sinais de esmorecer. Braço de ferro com o Ministério pode fazer aumentar muito as "já extensas listas de espera".

A greve inédita que os enfermeiros iniciaram há uma semana (a 22 de novembro) e que afeta os blocos operatórios de cinco grandes hospitais públicos, continua a registar uma adesão acima dos 95% (tal como nos dias anteriores) e já forçou o cancelamento de mais de 2000 cirurgias. A paralisação deverá prolongar-se até 31 de dezembro.

O Sindicato Democrático dos Enfermeiros de Portugal (Sindepor) informou esta quarta-feira que a adesão à greve rondou ontem, ao quinto dia de protesto, os 95% – o que significa que, pelo menos por agora, os enfermeiros continuam a aderir ao protesto de forma massiva e não desistem de reivindicar melhorias das condições de trabalho e uma maior valorização da profissão (nomeadamente, através de progressões na carreira e da consagração da categoria de enfermeiro especialista).

“A nível nacional temos um cancelamento efectivo da quase totalidade das cirurgias e com números que ultrapassarão as 2000 cirurgias programadas, mantendo-se a realização das cirurgias urgentes e oncológicas classificadas como graves e muito graves”, refere o Sindepor.

A adesão dos enfermeiros não dá sinais de esmorecer. Há uma semana Lúcia Leite, presidente da Associação Sindical Portuguesa dos Enfermeiros (ASPE), um dos sindicatos que convocou a greve deixava o aviso. “A greve acaba no dia que o Governo quiser”, garantiu.

O Sindepor avança, através de um comunicado publicado na sua página de Facebook, que terão sido cancelas ontem cerca de 200 cirurgias no Porto (Centro Hospitalar do Porto e Centro Hospitalar de São João), embora os números concretos ainda não sejam conhecidos. No Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC), foram canceladas nesta quarta-feira 133 cirurgias, ainda que tenham sido realizadas 15 cirurgias oncológicas ou urgentes.

No Centro Hospitalar de Setúbal, que integra o hospital de São Bernardo, todas as 20 cirurgias programadas foram canceladas. Já no Centro Hospitalar de Lisboa Norte (CHLN), que, para além do Pulido Valente integra o Hospital de Santa Maria (o maior do país), o número de cirurgias adiadas terá sido muito superior àquele que foi avançado. O Sindepor acusa o CHLN de tentar “manipular os números” ao desmarcar e reagendar cirurgias programadas – algo que os enfermeiros dizem estar a agravar o problema, fazendo aumentar as “já extensas listas de espera”.

O estado das listas de espera pode ainda agravar-se mais, uma vez que os enfermeiros se estão a recusar a colaborar no plano de produção adicional (SIGIC – Sistema Integrado de Gestão de Inscritos para Cirurgia), o que se tem traduzido também em muitas cirurgias programadas adiadas, garante o Sindepor.

Saúde Online

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