“A estratégia é cumprir os objetivos que traçamos na nossa candidatura e que apresentamos aos sócios de forma transparente”
Alberto Mota assume a Direção da SPDV com o propósito de “dar continuidade ao trabalho iniciado por Paulo Filipe”, reforçando a coesão interna, a inovação tecnológica e o combate ao intrusismo. No âmbito do 24.º Congresso Nacional de Dermatologia e Venereologia, fala sobre as prioridades da nova Direção, os desafios da especialidade e outros aspetos que marcam o presente e o futuro da Dermatologia portuguesa.

O 24.º Congresso Nacional de Dermatologia e Venereologia é o primeiro grande evento que assume enquanto presidente da Sociedade. Que significado tem este marco para si?
Exatamente o mesmo que sempre teve para mim, desde que em 2015 assumi compromisso de servir a SPDV e de ter participado, juntamente com outros colegas que assumiram idêntico compromisso, na sua recuperação, consolidação e melhoria incremental.
Assumiu recentemente a presidência da Sociedade Portuguesa de Dermatologia e Venereologia (SPDV). O que o motivou a abraçar este desafio?
Dar continuidade ao projeto e trabalho do Prof. Paulo Filipe e dos restantes colegas dos atuais corpos sociais da SPDV, que de forma leal e empenhada materializam este desafio. Seria injusto para eles e para os sócios que em nós depositaram a sua confiança que, após o ato eleitoral de novembro passado, esta trajetória fosse tão precocemente interrompida. Como se sabe, o Prof. Paulo Filipe, no seu primeiro mandato, aceitou liderar a SPDV num período de transição em que desempenhar cargos nos órgãos sociais parecia não ser atraente. Agora, tudo parece ter mudado e, portanto, só podemos concluir que foi o trabalho catalisador do Prof. Paulo Filipe que tornou a SPDV mais atrativa. Apercebi-me, assim, que estávamos no bom caminho.
Quais serão as grandes linhas orientadoras da sua presidência? Há prioridades estratégicas já definidas para o curto e médio prazo?
A coordenação da SPDV é um trabalho de equipa e a sua Direção um órgão colegial, onde todos são poucos para o muito que de nos é exigido. A estratégia é cumprir os objetivos que traçamos na nossa candidatura e que apresentamos aos sócios de forma transparente, sem truques na manga, nem proxys de bastidores. Já colocamos em marcha vários dos nossos propósitos e iniciativas, quer no plano tecnológico, quer funcional, algumas em linha com o que os sócios manifestaram ter interesse em concretizar, como sejam a digitalização, a SPDV jovem, que participou na organização deste congresso, grupos consultivos abertos a propostas construtivas dos sócios, “gabinete de combate ao intrusismo”, entre outras.
A Dermatologia portuguesa é reconhecida pela sua qualidade científica e assistencial. Que balanço faz da evolução da especialidade nos últimos anos?
Um balanço muito positivo. A Dermatologia tornou-se e mantem-se uma especialidade atrativa para muitos jovens médicos de mérito, o que se tem traduzido num aumento da sua qualidade assistencial e respeito entre pares. Em paralelo, tem-se assistido a uma verdadeira revolução terapêutica, exigindo que o dermatologista se torne numa espécie de subespecialista nessas áreas em mudança.
Quais são, atualmente, os principais desafios enfrentados pelos dermatologistas em Portugal, quer no SNS, quer no setor privado?
Há muitos desafios e algumas ameaças. No SNS trata-se, sobretudo, de encontrar capacidade para reter dermatologistas motivados, valorizar o seu papel e encontrar financiamento para a introdução e acesso a tratamentos inovadores. No setor privado, para além da valorização profissional, há a questão do acesso a determinados tratamentos e a colaboração em equipa ou rede. Ambos os setores sofrem ameaças que, em grande medida, são o reverso da medalha da grande atratividade da especialidade, de que destacaria o aumento do intrusismo médico por não dermatologistas.
Em termos de acesso, continuam a verificar-se disparidades regionais relevantes. O que é que deveria ser feito no sentido de promover uma maior equidade no tratamento das doenças dermatológicas?
A questão está do lado do(s) financiador(es) do sistema e subsistemas de saúde. Já há muito que a OMS definiu que para se almejarem sistemas de saúde de qualidade, estes teriam de ser, entre outros aspetos, centrados no doente, equitativos, oportunos e acessíveis. Está quase tudo dito.
Que mensagem gostaria de deixar à comunidade dermatológica neste momento em que assume a presidência da SPDV?
Sobretudo, de tranquilidade e confiança nesta equipa que já deu provas de a merecer. Nenhum de nós se move como o girassol, nem tem interesses a defender ou a desenvolver, para além dos restritos à SPDV.
E aos participantes deste congresso nacional?
Que usufruam do programa que foi elaborado a pensar neles, quer no domínio científico, que não desiludirá, quer no social. Espero que gostem e voltem em próximas edições.
Sílvia Malheiro
Notícia relacionada
Nevo Displásico: Desafios Diagnósticos entre a Dermatoscopia e a Histologia












