HTA na criança e na adolescência
Pediatra nefrologista-Departamento de Pediatria do HSM-CHULN

HTA na criança e na adolescência

A hipertensão arterial (HTA) está presente na idade pediátrica (0-18 anos) e é um fator de risco importante para o desenvolvimento de doença cardiovascular e doença renal terminal.

A sua prevalência é significativa (3-5%) e com tendência a aumentar, devido ao aumento de situações que predispõe ao seu aparecimento, como a obesidade, mas também devido a uma maior sensibilização para o problema e maior número de casos diagnosticados.

O diagnóstico requer a medição da pressão arterial (PA), que deve ser efetuada em todas as crianças com idade a partir dos 3 anos, anualmente, em consulta de vigilância de saúde. Nesta avaliação dá-se preferência ao método auscultatorio, e, no caso de valores alterados, deve ser confirmada em 3 ocasiões diferentes. Os valores variam de acordo com a idade, sexo e estatura e devem ser interpretados de acordo com as tabelas vigentes. A Academia Americana de Pediatria (AAP) publicou em 2017 um conjunto de recomendações sobre este tema e apresenta novas tabelas, derivadas das tabelas publicadas em 2004 (4th Task Force), com valores de PA obtidos a partir da avaliação de crianças saudáveis com peso normal. De acordo com os valores obtidos classifica o perfil de PA em normal, pressão arterial elevada e HTA. No grupo etário dos 1 aos18 anos define-se HTA para valores de PA sistólica e/ou diastólica > Pc 95, até aos 13 anos, ou valores de PA sistólica e /ou diastólica > 130/80 mmHg, a partir dos 13 anos. Um elemento novo é a ênfase dada ao registo da pressão arterial em ambulatório (MAPA) na confirmação do diagnóstico de HTA.

Na avaliação da criança hipertensa é importante esclarecer a etiologia da doença, a presença de lesão de órgão alvo (LOA) e a presença de outros fatores de comorbilidade cardiovascular. A AAP propõe que a avaliação cardíaca, para identificação de LOA, seja realizada no momento de decisão de início de terapêutica farmacológica e revê os critérios para definir presença de hipertrofia ventricular esquerda (HVE). A reavaliação recomenda-se nos casos com evidência de HVE ou alteração da função ventricular esquerda.

A terapêutica é instituída com o objetivo de reduzir o risco de aparecimento de LOA e atingir valores de PAS e/ou PAD abaixo do percentil 90  ou  < 120/80 mmHg (a partir dos 13 anos).

A terapêutica farmacológica esta indicada nos casos de HTA sintomática, HTA grave ou com evidência de LOA, HTA em contexto de doença renal crónica ou diabetes mellitus e HTA persistente (após implementação de medidas não farmacológicas > 6 meses). A opção farmacológica pode incluir os IECA, ARA, ACC ou diuréticos tiazidicos. Outros hipotensores podem estar indicados. Habitualmente usam-se fármacos em monoterapia, mas por vezes as associações são necessárias. Não se deve associar IECA e ARA. Na adolescente grávida ou com probabilidade de engravidar os IECA e ARA estão contra-indicados.

É necessário agir cedo para prevenir.

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