A “velha” aspirina
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A “velha” aspirina

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Grupo Lusíadas Saúde
Director Geral da InfoCiência

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Reflexões sobre os resultados de um trabalho recente

Num dos números de Setembro do reputado jornal “Circulation”, um grupo de investigadores suecos estudou e avaliou o impacto da interrupção do uso a longo-prazo de aspirina em baixas doses, na ausência da necessidade de uma cirurgia major ou de um episódio de hemorragia, no risco de ocorrência de eventos cardiovasculares.

Esse trabalho, conduzido na Suécia, incidiu sobre mais de 600.00 utilizadores de aspirina em baixa dosagem (75-160 mg) num contexto de prevenção primária e secundária.

Verificou-se que os pacientes que interromperam a aspirina apresentaram um taxa 37% superior de eventos cardiovasculares emcomparação com os que mantiveram essa utilização e esse valor correspondeu a um evento cardiovascular adicional por ano num em cada 74 dos  doentes que interromperam a aspirina.

Este aumento de risco ocorreu pouco tempo após a interrupção, ou seja, sem existir um intervalo de segurança, e não diminuiu ao longo do tempo.

Qual a importância deste trabalho?

Como sabemos, milhões de doentes em todo o mundo utilizam aspirina numa base diária. As recomendações actuais, de acordo com o U.S. Preventive Services Task Force, para esta utilização incluem pacientes com idade entre 50 e 59 anos, ausência de risco hemorrágico, presença de risco igual ou superior a 10% para enfarte do miocárdio, ou acidente cerebrovascular ao longo dos próximos 10 anos. Para idades entre os 60 e os 69 anos, com os mesmos critérios de risco, essa opção deve ser cuidadosamente ponderada com o médico para uma avaliação individualizada da relação entre riscos e benefícios da utilização da aspirina. Antes dos 50 anos e acima dos 70 anos, essa recomendação ainda carece de investigação mais aprofundada e deverá ser validada cientificamente.

De acordo com os resultados deste estudo, a aderência a esse tratamento é muito importante porque será muito provável que muitos desses milhões de pacientes decidam, em algum momento da sua vida e por variadíssimas razões,interromper a toma de aspirina durante um determinado período de tempo. E essa decisão pode ter consequências clinicamente muito significativas…

Daqui resulta ser crucial uma adequada e regular comunicação entre médicos e doentes, de modo a que uma decisão relativa à interrupção da aspirina seja tomada de um modo consciente, informado e, sobretudo, seguro.

Considero este trabalho digno de reflexão e partilha por diversas razões.

Por um lado, é sempre bom ter presente que, na era das constantes inovações e revoluções terapêuticas, um tratamento clássico como este é ainda uma referência na prevenção cardiovascular.

Esta persistência como válidas de atitudes terapêuticas clássicas, bem como outras, é um fiel marcador do carácter intemporal da prática médica, onde coexistem técnicas de engenharia molecular com o recurso ao gelo, ao calor ou… à aspirina.

E isso é bom, por permitir a existência de um fio condutor que se iniciou há milénios, passa por nós e, muito provavelmente, se prolongará para lá de nós. Nem tudo é high tech na Medicina actual, nem tudo está ultrapassado, muitos dos pilares da prática médica permanecem robustos e resistentes a todas as turbulências próprias da evolução do pensamento médico e da tecnologia ao serviço da Medicina.

Por outro lado, estes resultados sublinham a relevância de algo que para mim é decisivo nesta profissão: a qualidade e consistência da relação médico-doente. Quando essa relação funciona, a probabilidade dem um doente utilizar aspirina ou deixar de o fazer sem falar com o seu médico será muito reduzida. E isso aplicar-se-á à generalidade dos gestos que um doente poderá desejar realizar. Se o paciente souber que tem no seu médico um interlocutor acessível o diálogo será mais fácil e o risco de auto-medicação, menor aderência terapêutica ou de ocorrência de pausas terapêuticas tenderá a ser cada vez menor.

Significa isso que uma boa relação entre os médicos e os seus pacientes é, só por isso, um instrumento terapêutico valiosíssimo, ao estimular um fluxo de comunicação livre e regular, ao permitir clarificar todas as vantagens e desvantagens de fazer ou não fazer um tratamento específico e, mais importante ainda, ao dar liberdade para que todas as dúvidas tenham resposta e que nenhum passo seja dado sem diálogo prévio.

Provavelmente, muitos doentes tomam aspirina de baixa dosagem por imitação dos seus pares ou por terem lido algures os seus potenciais benefícios. E, em muitos casos, nem informam o seu médico dessa utilização por a entenderem como um gesto quase rotineiro. E mais facilmente ainda optarão por interromper essa utilização de forma errática,
muitas vezes sem uma razão aparente.

Este estudo revela as potenciais implicações e riscos dessa prática e, mesmo não sendo possível identificar todos os pacientes que utilizam aspirina, fica aqui um útil alerta para estarmos sempre atentos e disponíveis e para, sempre que possível, contribuamos para difundir informações que podem fazer toda a diferença.

O acesso cada vez mais simples à informação faz dos profissionais da saúde agentes e parceiros importantes na disseminação de mensagens concebidas para o público leigo que aumentem a sua sensibilidade, conhecimento e consciência para as boas práticas, com ganhos inequívocos de segurança e qualidade de vida.

O exemplo deste trabalho é paradigmático: o uso da “velha” aspirina pode e deve reger-se por todas as cautelas de modo a dela se retirarem todos benefícios clínicos. Utilizá-la bem implica igualmente saber que a sua interrupção pode ser prejudicial.

O mesmo raciocínio se deverá aplicar a outros medicamentos e o reforço dessa mensagem é, por isso, da maior importância.

Excelente trabalho. Pelo que revela e pelo que faz pensar…

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