24 Mar, 2022

Urgências voltam a encher-se com procura a atingir níveis de 2019

Na segunda-feira, mais de 21 mil doentes foram atendidos nas urgências de hospitais do SNS, o que fez aumentar o tempo de espera para doentes graves.

Com a pandemia, cresceu, entre os portugueses, o receio de recorrer às urgências hospitalares. Mas o alívio das restrições e a melhoria da situação pandémica deitaram abaixo o medo e as urgências voltam a encher-se, com a procura atingir níveis de 2019 (pré-pandemia), revela o jornal i.

Na passada segunda-feira (o dia em que tradicionalmente mais portugueses recorrem às urgências), mais de 21 mil doentes foram atendidos nos serviços de urgência de hospitais do SNS, cenário que já não se via há três anos. O Centro Hospitalar de Lisboa Norte (que integra os hospitais de Santa Maria e Pulido Valente) tem estado a atender cerca de 800 pessoas por dia, o que tem criado um cenário de longas horas de espera no atendimento de doentes considerados urgentes.

Na região de Lisboa, esta pressão sentida pelos hospitais está a levar algumas unidades hospitalares da periferia da capital, como o o Hospital Beatriz Ângelo (em Loures) a recusarem o encaminhamento de doentes graves.

Por outro, está a observar-se desde final do ano passado, uma mudança de perfil do doente que recorre às urgências. Se antes da pandemia, os doentes pouco graves (e que recebiam pulseiras azuis e verdes) representavam metade dos episódios de urgência, nesta fase predominam os doentes graves, com doenças crónicas descompensadas, e que representam dois terços dos que recorrem à urgência.

Para além dos doentes crónicos descompensados, esta elevada procura pelas urgências deve-se também à epidemia de gripe fora da época normal e a outras infeções respiratórias (entre as quais as infeções por SARS-CoV-2, vírus que continua a circular)

No Hospital de São João, foi mesmo batido o recorde de afluência dos últimos 13 anos, com cerca de 950 doentes atendidos na passada segunda-feira. A média diária de episódios de urgência ronda os 800 a 850, um número excessivo e que dificulta a assistência aos utentes.

“Os tempos de espera são elevados, as condições dos doentes degradam-se, as equipas não são elásticas, têm de ver muito mais doentes, vão ter obviamente a sua atenção divergida e o resultado é um serviço pior prestado à população”, admite o diretor da Unidade Autónoma de Gestão de Urgência e Medicina Intensiva do São João, Nelson Pereira.

SO

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