7 Set, 2022

Síndrome do Ovário Poliquístico “afeta a fertilidade da mulher”, mas gravidez é possível

A Síndrome do Ovário Poliquístico é mais comum nas mulheres com excesso de peso e uma das principais causas de infertilidade feminina, diz a ginecologista Catarina Godinho, do IVI Lisboa.

A Síndrome do Ovário Poliquístico (SOP) é uma doença que afeta 10 a 15% das mulheres e pode provocar alterações do ciclo menstrual, quistos nos ovários e dificuldade em engravidar. No mês de consciencialização para esta doença, que se assinala em setembro, Catarina Godinho, ginecologista e especialista em medicina da reprodução, alerta que a SOP pode passar despercebida se não forem valorizados determinados sinais e sintomas.

No entanto, deixa uma mensagem de esperança às mulheres que sonham com a maternidade: “É verdade que a Síndrome do Ovário Poliquístico é uma das principais causas de infertilidade feminina, mas com o tratamento adequado é possível engravidar”.

De acordo com a médica, que se dedica à medicina da reprodução no IVI Lisboa, um diagnóstico precoce e um acompanhamento médico especializado e multidisciplinar são fundamentais para as mulheres que pensam engravidar, uma vez que esse acompanhamento pode ajudar a escolher o tratamento mais adequado para facilitar uma gravidez e prevenir complicações no estado de saúde da mãe e do bebé que está a ser gerado.

A Síndrome do Ovário Poliquístico é mais comum nas mulheres obesas ou com excesso de peso. Apesar de a doença não ter cura, pode ser tratada e controlada. A Dra. Catarina Godinho explica que a SOP é o resultado de “um conjunto de sinais e sintomas causados por um desequilíbrio hormonal dos ovários, que pode ser ligeiro ou grave, causando, por exemplo, irregularidade dos ciclos menstruais, crescimento de pelos em zonas mais comuns nos homens, aparecimento de acne entre outras alterações hormonais”.

Quando uma mulher com SOP pretende engravidar deve falar previamente com o seu médico ginecologista. No caso de a mulher ter excesso de peso, o primeiro passo é perder peso. Se não pretender engravidar é recomendado o uso da pílula anticoncecional para que os ciclos menstruais sejam mais regulares. A médica acrescenta que, no caso de existir resistência à insulina associada a esta síndrome “é importante controlar o nível de açúcar no sangue com uma dieta específica e ou com alguma medicação, uma vez que este desequilíbrio pode originar mais tarde a diabetes”.

Para além do controlo do peso pode ser necessário induzir a ovulação recorrendo a alguns medicamentos que estimulem o crescimento do folículo até à ovulação e que requerem controlo ecográfico. “Se após algumas tentativas de indução de ovulação não acontecer a desejada gravidez, ou se não se conseguir uma resposta ovárica adequada, pode haver necessidade de recorrer à fertilização in vitro onde é possível aumentar a probabilidade de uma gravidez e avaliar a qualidade dos óvulos e embriões”, sublinha a médica ginecologista.

Embora as mulheres com SOP, quando engravidam, tenham um risco aumentado de hipertensão arterial e de diabetes, “se seguirem as recomendações médicas a probabilidade de a gravidez ser bem-sucedida é elevada”, garante a médica ginecologista.

O diagnóstico depende de critérios médicos específicos que incluem sintomas, ecografia e análises. Segundo a Dra. Catarina Godinho, “para o diagnóstico deve ser tido em conta os antecedentes pessoais relevantes como diabetes, colesterol alto, hipertensão arterial, aumento de peso e obesidade; deve ser feita uma avaliação dos níveis hormonais de androgénios (hormonas masculinas) e resistência à insulina”. Adicionalmente é feita uma ecografia ginecológica transvaginal para avaliar a dimensão e as características dos ovários.

SO/COMUNICADO

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