14 Fev, 2024

Sindicato Independente dos Médicos acusa PS de “agrilhoar” médicos ao SNS

Numa nota divulgada, o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) mostrou-se com "muita preocupação" face ao capítulo que consta do programa eleitoral do Partido Socialista (PS) que prevê a introdução de um período de dedicação ao SNS por parte dos médicos, bem como a possibilidade de introdução de um quadro de compensações pelo investimento público na formação de profissionais que queiram emigrar ou optar por exercer funções no setor privado.

Afirmando que “os médicos nada devem ao setor público”, e o que o que este setor recebe ainda dos médicos em formação é “muito superior ao investimento” feito, o SIM caracteriza estas possibilidades como uma “discriminação inaceitável” que colide “com normas europeias que consagram a livre circulação de trabalhadores e esquecem que os médicos fazem a sua formação em exercício”, pode ler-se no comunicado divulgado.

“Se os médicos internos – médicos em formação pós-graduada – deixassem de trabalhar o SNS colapsaria”, escreve o SIM, que aponta que os médicos internos representam mais de um terço do total de médicos do SNS. “Para além disso, o Estado deve-lhes milhares de horas de trabalho não remunerado para além do horário normal de 40 horas semanais que realizam durante o seu período de formação pós-graduada”.

O sindicato aponta que cada médico em formação pós-graduada trabalha 20 horas horas extra não remuneradas por mês, e que “mais de 40% suportam despesas superiores a 1.500 euros anuais em formação que devia ser paga pelo Estado, nomeadamente em cursos obrigatórios”. O SIM afirma que, a concretizarem-se, as possibilidades “discriminatórias” e “enganadoras” divulgadas pelo PS resultarão num “maior afastamento de trabalhadores do SNS”.

“Ao invés de criar condições no SNS, o Partido Socialista parece querer usar métodos que são típicos das ditaduras da Coreia do Norte, de Cuba e da antiga União Soviética, e que tiveram os resultados que estão à vista de todos”. “Tratam-se de ‘possibilidades’ populistas e demagógicas que alimentam a ideia de privilégio em vez de criarem condições para atrair médicos para o SNS”, conclui o sindicato.

CG/COMUNICADO

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