16 Dez, 2022

Sindicato acusa Hospital de Braga de “varrer a zero pontos” 70% dos enfermeiros

Pedro Costa, presidente do Sindicato dos Enfermeiros, já denunciou ao Ministro da Saúde este problema que afeta enfermeiros com contrato individual de trabalho.

Os enfermeiros do Hospital de Braga com contrato individual de trabalho foram “todos varridos a zero pontos” no âmbito da aplicação do recente decreto-lei que procedeu ao descongelamento da avaliação de desempenho, denunciou fonte sindical. Em declarações à Lusa, o presidente do Sindicato dos Enfermeiros (SE), Pedro Costa, disse que esta é “uma situação absolutamente inadmissível e discriminatória”, que considera resultar de uma “estranha interpretação da lei”.

“O decreto é claro ao afirmar que é aplicável a todos os enfermeiros, independentemente da natureza da ligação contratual”, sublinhou. Segundo Pedro Costa, em causa estão cerca de 70% dos enfermeiros do Hospital de Braga. “Pura e simplesmente, foram todos varridos a zero pontos”, referiu.

Contactado pela Lusa, o Hospital de Braga refere que “tem seguido as orientações da tutela sobre esta matéria”. “Neste sentido, e após aprofundada análise da situação particular do Hospital de Braga face à transição do modelo de gestão de PPP para EPE, está em curso a reavaliação da mesma, esperando o Conselho de Administração que o assunto fique completamente clarificado nas próximas horas”, acrescenta.

Em comunicado, o SE “exige que o Hospital de Braga não discrimine os enfermeiros com contrato individual de trabalho (CIT) e faça a correta contabilização de pontos”. Na quarta-feira, e segundo o sindicato, os enfermeiros com CIT foram informados, pelo Hospital de Braga, de que têm zero pontos na sua avaliação. Para Pedro Costa, as comunicações do hospital “chegam a ser quase ofensivas”. “São enviadas tabelas discriminatórias por ano de trabalho, em alguns casos de enfermeiros que ali trabalham desde 2004, e que vêm em branco e apenas com a contabilização total de zero pontos na última linha”, explicou.

O sindicato já deu conta da situação ao Ministério da Saúde e pediu a intervenção urgente da tutela. À Lusa, o vice-presidente da Ordem dos Enfermeiros, Luís Filipe Barreira, referiu que esta é uma questão que “interfere com a dignidade do exercício profissional”. “Considero, por isso, ser necessária a intervenção do ministro da Saúde, para repor a serenidade dos enfermeiros, que muito têm dado ao Serviço Nacional de Saúde”.

O Presidente da República promulgou, a 26 novembro, o diploma do Governo que estabelece os termos da contagem de pontos na avaliação do desempenho dos enfermeiros, e que resulta no descongelamento da progressão salarial. O decreto-lei tinha sido aprovado em Conselho de Ministros a 10 de novembro e, na altura, o ministro da Saúde, Manuel Pizarro, referiu que este descongelamento da progressão salarial dos enfermeiros será feito com pagamento retroativo a janeiro deste ano, e terá um “impacto orçamental” de 72 milhões de euros.

O ministro garantiu que os pagamentos aos enfermeiros seriam feitos ainda este ano e frisou que o diploma “dá corpo à recuperação dos pontos perdidos em sede de avaliação de desempenho para efeitos de progressão salarial dos enfermeiros, descongelando a progressão, que estava suspensa desde 2004”. São abrangidos cerca de 20.000 enfermeiros, segundo o Governo, que prometeu um aumento de cerca de 200 euros para os enfermeiros com pontos para subir uma posição remuneratória e 400 euros para aqueles que sobem duas posições.

O ministro sublinhou ainda que o diploma garante que os enfermeiros “são tratados de uma forma equitativa, independentemente do respetivo regime de vinculação ao SNS”, já que se aplica “tanto a enfermeiros com contratos de trabalho em funções públicas, como a enfermeiros com contrato individual de trabalho”.

LUSA

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