Sedentarismo, obesidade e tabagismo

Guilhermina Almeida, especialista em Medicina Geral e Familiar (MGF) na UCSP Belas (ACeS Sintra), alerta para três fatores de risco cardiovascular que devem sempre ser alvo de atenção por parte dos profissionais de saúde.

“O sedentarismo é um fator de risco cardiovascular preocupante, mas nem sempre se lhe dá a devida atenção”, afirma Guilhermina Almeida. Sendo médica de família lida diariamente com muitos utentes que, apesar das muitas campanhas, continuam a ter uma vida demasiado sedentária. A justificação habitual é a falta de tempo ou as dificuldades económicas que não permitem a inscrição num ginásio ou na piscina.

Mas, como refere a médica, é preciso ter em conta a atividade e o exercício físico. “Tudo conta na atividade física, nomeadamente o tipo de profissão; uma comerciante sempre anda mais que uma secretária, por exemplo.”

No caso da prática de exercício, não é necessária inscrição no ginásio ou numa piscina, basta aproveitar os recursos existentes como escadas, rampas ou até os equipamentos de parques biosaudáveis que já são habituais em muitos municípios. “Se a pessoa se se desloca de transportes públicos, pode sair uma paragem antes do destino; se tiver carro, estaciona mais longe.” O importante é que se movimente mais de 30 minutos por dia. “São gestos essenciais para uma boa saúde do coração, além de prevenirem muitas outras doenças, inclusive do foro de saúde mental.”

Guilhermina Almeida lembra ainda as apps de pedómetros digitais, com alertas, ou os sites onde se ensinam alguns exercícios. “Quem quiser até pode comprar pesos e elásticos. Se fizer 15 minutos já é positivo, porque também se tem em conta a restante atividade diária.” A médica de família considera que todas estas ideias têm sido abordadas nos últimos anos em campanhas, mas, infelizmente, nem sempre se adere às mesmas. “Têm de se mudar mentalidades para que se interiorize os malefícios que certos comportamentos podem ter na saúde do coração”, frisa.

Subjacente ao sedentarismo vem o problema do excesso de peso e da obesidade, que aumentam, só por si, o risco de um evento cardiovascular. Para a especialista, é essencial alertar-se a população para a necessidade de se adotar uma alimentação saudável, mas não só. “Um aspeto importante é a quantidade de comida no prato. Nas minhas consultas também falo desta questão.”

E acrescenta: “É preciso ensinar, desde a escola, o que está escrito nos rótulos dos alimentos. O primeiro ingrediente é sempre o que existe em maior quantidade. Se for, por exemplo, açúcar, não devo obviamente consumi-lo todos os dias.”

Apela ainda ao consumo de legumes e fruta, nomeadamente em sopa e saladas, mas as que são realmente saudáveis. “Há saladas com molho maionese, bacon, croutons, queijo… Não se pode comer todos os dias, porque vamos aumentar de peso!” Os snacks e o pão, “a perdição de muitos portugueses com mais de 60 anos”, também se devem controlar.

Por último, mas não menos importante, Guilhermina Almeida fala do tabagismo. Numa altura em que foi aprovada nova legislação, que restringe os locais onde se pode fumar e onde se pode comprar tabaco, é importante reforçar a mensagem. “O tabagismo aumenta exponencialmente o risco cardiovascular; é essencial apostar na cessação tabágica quer por causa da saúde cardiovascular quer para prevenir o cancro do pulmão”, conclui.

Texto: Maria João Garcia
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