7 Fev, 2019

Risco de paralisia cerebral é muito superior em bebés de mães mais velhas

Relatório do Programa de Vigilância Nacional de Paralisia Cerebral aponta para mais de 1700 crianças de 5 anos com a doença. Incidência em Portugal é inferior à dos países desenvolvidos.

Com o aumento progressivo da idade em que as mulheres têm o primeiro filho (em Portugal, acontece, em média, aos 30 anos), aumenta o risco de o bebé nascer com paralisia cerebral. A probabilidade de uma mulher com mais de 39 anos vir a ter um filho com este problema é 52% superior em comparação à faixa etária entre os 20 e os 29 anos. Segundo um relatório que será apresentado esta quinta-feira, existem, em Portugal, mais de 1700 crianças com paralisia cerebral.

O relatório Paralisia Cerebral em Portugal no Século XXI analisou os casos de crianças nascidas entre 2001 e 2010. Pela primeira vez, o documento – que é já o quarto do género elaborado pelo Programa de Vigilância Nacional de Paralisia Cerebral aos cinco anos de idade – olha também para as diferenças entre regiões.

Para além da idade, outro fator que aumenta o risco de paralisia cerebral é a gravidez múltipla (gémeos, por exemplo). Neste caso, o relatório indica que o risco foi cerca de 4,5 vezes maior do que na gravidez única. Também as técnicas de reprodução medicamente assistidas potenciam a doença. O risco é também 24% superior nos rapazes em comparação com as raparigas.

Existem, em Portugal, 1719 crianças de 5 anos com paralisia cerebral, o que corresponde a 1,65% de todas as crianças com a mesma idade. O relatório alerta que existe uma grande proporção das crianças que têm as formas mais graves da doença (entre 30 e 40% do total de casos). Entre os vários tipos de paralisia, a mais frequente é a espástica (que provoca rigidez muscular), presente em 82,4% dos casos. Segue-se a disquinética, que provoca fraqueza nos membros e a paralisia cerebral atáxica (mais rara), que afeta o equilíbrio e a perceção motora.

Ainda assim, a incidência da doença tem vindo a diminuir. O relatório justifica a evolução com a “redução do risco nos prematuros nascidos com mais de 28 semanas e nos nascidos a termo”. Em Portugal, a taxa é de 1,55 casos por cada mil nados-vivos, um valor inferior ao dos países desenvolvidos (onde a taxa varia entre os 1,7 e os 2,2).

Contudo, os autores avisam que será importante verificar nos próximos anos se as mudanças comportamentais – como a maternidade cada vez mais tardia – e a crise financeira iniciada em 2008 tiveram impacto nos indicadores da paralisia cerebral. As causas da paralisia podem ser várias, desde incidentes pós-natais, como infeções ou complicações cirúrgicas, como perinatais, como complicações durante o trabalho de parto.

Tiago Caeiro

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