Reunião de ontem deixa tudo na mesma. SIM ainda não decidiu se convoca greve, FNAM mantém paralisação

Reunião desta quinta-feira com os sindicatos terminou com poucos avanços mas a via negocial mantém-se aberta. SIM deve decidir na próxima semana se se junta à greve convocada pela FNAM.

Os sindicatos médicos estiveram reunidos esta quinta-feira com o Ministério da Saúde mas a reunião parece não ter alterado a posição dos dois grandes sindicatos em relação às formas de protesto dos profissionais do setor. A Federação Nacional dos Médicos (Fnam) mantém a greve agendada para os dias 10, 11 e 12 de abril, enquanto o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) garante que todas as possibilidades estão ainda em aberto.

Em declarações ao Saúde Online, o presidente do SIM diz que “ainda nada está decidido”. “Nós vamos ter o congresso do SIM na próxima semana e aí veremos”, afirma Jorge Roque da Cunha, remetendo uma decisão para o congresso onde estarão reunidos os órgãos máximos do sindicato.

Jorge Roque da Cunha também não esclareceu se o SIM, no caso de vir a convocar uma greve, se vai juntar à paralisação já anunciada pela FNAM ou se irá convocar uma greve em dias diferentes. Já quanto à reunião de ontem com o Ministério, “foi mais uma reunião, não houve grandes avanços”. Contudo, o SIM ainda continua a acreditar na via negocial.

Também a FNAM se queixa de falta de avanços. “O ministério foi evasivo e tirando a proposta da redução das 200 horas extraordinárias anuais para as 150, nada mais houve. É muito pouco quando as questões mais importantes para os médicos são a revisão da carreira e da grelha salarial, a resolução dos problemas do internato médico, a questão dos concursos que têm de ser transparentes. Não nos souberam dizer quantos médicos entraram [nos hospitais] fora do concurso nacional. Houve uma proposta de diminuição de utentes por médico de família, mas muito pouco substantiva”, disse esta quinta-feira, à saída do encontro, o presidente da FNAM.

Pouco tempo antes de reunir no ministério, a FNAM emitiu um comunicado a criticar o documento que o ministério enviou a 5 de março, para serem discutidas na reunião desta quinta-feira, dizendo que este confirmava “a vontade e decisão política de continuar a não apostar nos médicos e no desenvolvimento qualitativo da carreira médica”. Em causa está, diz a FNAM, a ausência de propostas para revisão e progressão na carreira, o problema dos médicos indiferenciados, o excesso de horas extraordinárias, a ausência de um estatuto profissional de desgaste rápido. A limitação que existe à criação de mais unidades de saúde familiar de modelo B e a instabilidade na abertura de concursos são pontos que este sindicato diz precisarem de ser resolvidos.

No entanto, a greve dos médicos marcada para abril não é irreversível. Para além da negociação com o Ministério – que vai continuar estando já agendada uma reunião com os sindicatos para o dia 28 de março – a greve, a situação do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e o impasse nas negociações serão os temas centrais do próximo Fórum Médico, marcado para o dia 19 deste mês. O encontro junta sindicatos, Ordem dos Médicos e representantes de outras associações do setor.

Tiago Caeiro/ SO

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