20 Abr, 2021

Quase 60% dos cuidadores informais desconhecem o seu estatuto

Os resultados do inquérito “O que é ser cuidador informal em Portugal” realçaram a existência de falhas na comunicação dos seus direitos e apoios

O estudo promovido pelo Movimento Cuidador dos Cuidadores Informais revelou que 59,1% das pessoas que se dedicam informalmente a cuidar de alguém querido não conhece o seu estatuto e os vários tipos de apoios a que têm direito.

Com o propósito de conhecer as pessoas que se encontram nesta condição, o que fazem e quais os desafios que enfrentam diariamente, o inquérito, apoiado pela Merck, ouviu 1 133 participantes. Recorde-se que, segundo o último estudo realizado pelo Movimento, foi possível apurar que 14% da população portuguesa é cuidador informal.

Os resultados do último estudo revelaram que o Estatuto do Cuidador Informal (ECI), reconhecido no final do ano de 2019 e que procura reforçar a sua proteção, além de pouco divulgado, é considerado pouco abrangente, insuficiente e burocrático, sendo que mais de 77% dos que o conhecem consideraram-no significativamente incompleto.

Desta forma, O ECI é visto pelas associações representativas dos cuidadores como sendo invisível junto dos que dele usufruem.

Segundo reforçou, à Lusa, a porta-voz do Movimento promotor do estudo, Nelida Aguiar, “as medidas de apoio que já deviam estar devidamente orientadas ainda não estão e carecem urgentemente de uma apreciação muito mais profunda”.

Adicionalmente, a falta de regulamentação, de apoio financeiro e de reconhecimento da sua carreira profissional também foram aspetos que se destacaram no seu testemunho. Estes também ressaltaram a urgente necessidade de auxílio na prestação de cuidados, bem como no respetivo apoio psicológico.

Ainda, 69,7% dos entrevistados revelou que tem apenas a seu cargo um dependente, sendo que 51,4% dos cuidadores informais cuida da mãe ou do pai, 18% dedica-se ao cônjuge e 12,7% aos filhos. A maior parte dos cuidados são associados a doenças do foro mental e psíquico, como o Alzheimer ou demência.

Tendo por base que a maioria dos cuidadores não se encontrava preparada para assumir este papel, 41,2% dos entrevistados salientou, inclusive, a respetiva necessidade de receber formação específica às tarefas que desempenham.

No mesmo âmbito, 75,4% das famílias dos cuidadores sofreram, assim, alterações na dinâmica da rotina, sendo que quase 50% foram obrigados a abandonar ou a alterar a sua profissão. Devido a não receberem os apoios necessários, 87,1% confirmaram a impossibilidade de usufruírem de um tempo de descanso ou de férias.

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