Pedro Simas: Fim do uso obrigatório de máscara é decisão “correta e equilibrada”
No entanto, o virologista considera que o seu uso obrigatório nos transportes públicos coletivos “é uma decisão mais social do que científica”.
O virologista Pedro Simas concorda “em absoluto” com a decisão do Governo de acabar com o uso obrigatório de máscara, que classificou como “correta e equilibrada” perante a evolução da covid-19 em Portugal.
“Aplaudo a decisão do Governo, que foi correta e equilibrada”, disse à Lusa o investigador do Instituto de Medicina Molecular da Universidade de Lisboa, no dia em que o Conselho de Ministros decidiu o fim do uso obrigatório da máscara, com exceção dos locais frequentados por pessoas especialmente vulneráveis, como hospitais e lares, ou nos transportes públicos.
O especialista disse que compreende que as máscaras se mantenham nos serviços de saúde, tendo em conta que são frequentados por grupos vulneráveis, mas considerou que o seu uso obrigatório nos transportes públicos coletivos “é uma decisão mais social do que científica”.
De acordo com o virologista, a máscara perde eficácia se não for usada em combinação com regras rigorosas de distanciamento e higienização, conforme demonstrou a recente vaga da variante Ómicron, na qual “cerca de 20% da população portuguesa foi infetada em dez semanas”.
“Foram mais pessoas infetadas em dez semanas do que durante a pandemia toda e usávamos todos máscara”, referiu Pedro Simas, para quem é agora necessário passar à população uma mensagem de tranquilidade em relação à covid-19.
“Há uma grande percentagem da população que tem de ser bem informada”, sublinhou o virologista, para quem, “psicologicamente, a pandemia só vai acabar quando se retirar as máscaras” em definitivo, que funcionam “quase com um simbolismo”.
Segundo Pedro Simas, estima-se que 80% dos portugueses já tenham sido infetados pelo SARS-CoV-2, sendo necessário “eliminar este medo de a pessoa ser infetada” pelo coronavírus que causa a covid-19.
“Vamos ser infetados com este vírus ao longo da nossa vida várias vezes”, previu.
Relativamente a uma nova dose de reforço, o investigador do Instituto de Medicina Molecular defendeu que o “timing deve ser em setembro ou outubro” e que, até agora, a vacina original “continua a funcionar”.
“Acho que tem de ser seletivamente aplicada às pessoas que precisam, acima de 80 anos e de alto risco, mas de maneira nenhuma à sociedade toda”, preconizou o virologista.
LUSA
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