15 Abr, 2020

Ordem dos Médicos cria Prémio de Investigação Maria de Sousa

A Ordem dos Médicos criou o Prémio de Investigação Maria de Sousa, cuja primeira edição está prevista para 24 de novembro, Dia Nacional da Cultura Científica.

Num comunicado hoje divulgado, a Ordem dos Médicos (OM) diz que desta forma pretende homenagear uma “investigadora por excelência” e defende que a escolha da do Dia Nacional da Cultura Científica pretende “enaltecer as várias dimensões a que Maria de Sousa dedicou a sua vida, conseguindo aliar a vertente científica que mais a celebrizou a uma enorme cultura e humanismo”.

O bastonário Miguel Guimarães recorda no comunicado que a imunologista “catapultou a ciência, a medicina e a investigação portuguesa além-fronteiras para patamares de excelência, sem nunca deixar de colaborar no desenvolvimento de instituições em Portugal, como por exemplo a Universidade do Porto, o que foi justamente reconhecido em vários prémios e distinções, de caráter nacional e internacional”.

“O legado de Maria de Sousa, nomeadamente pelo exemplo de dedicação, rigor e capacidade de aliar a investigação científica à prática clínica, perdurará e continuará a ser um farol nas nossas vidas profissionais”, afirma.

Miguel Guimarães explica que, com este prémio, a OM pretende “dar também um sinal positivo a todos os médicos que dedicam a sua vida à investigação ou que a conciliam com a atividade clínica, contribuindo para mudanças no dia-a-dia que melhoram a qualidade da medicina e os cuidados dos doentes”.

“Estamos num ano especialmente desafiante, em que as nossas vidas foram profundamente abaladas, mas estamos certos e seguros de que a medicina pode e deve continuar a fazer o seu caminho lado a lado com a ciência e queremos com esta homenagem ser agentes ativos nesse percurso”, conclui.

A cientista, escritora e professora universitária Maria de Sousa, que morreu na madrugada de terça-feira no Hospital de São José, em Lisboa, vítima da infeção pelo novo coronavírus, lecionou em Inglaterra, Escócia e Estados Unidos, depois de ter saído de Portugal ainda durante o Estado Novo, em 1964.

Maria de Sousa regressaria já no período democrático, em 1985, passando a professora catedrática de Imunologia do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, no Porto.

Era professora Emérita da Universidade do Porto, investigadora honorária do i3S – Instituto de Investigação e Inovação em Saúde e ainda membro do júri do Prémio Pessoa.

As suas descobertas foram publicadas na revista Journal of Experimental Medicine e na revista Nature, respetivamente em janeiro e dezembro de 1966.

Em 1971, Maria de Sousa deu um nome ao fenómeno de migração dos linfócitos de diferentes origens – tanto do timo como da medula óssea, onde se forma outro tipo de linfócitos – com destino a microambientes específicos nos órgãos linfáticos periféricos e aí se organizarem em áreas bem delineadas. Chamou-lhe “ecotaxis”.

Recebeu o Grande Prémio Bial de Medicina em 1995, o Prémio Estímulo à Excelência em 2004 e a Medalha de Ouro de Mérito Científico em 2009, ambos atribuídos pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. Seguiram-se o Prémio Universidade de Coimbra 2011 e o Prémio Universidade de Lisboa 2017.

Foi condecorada por três presidentes da República: em 1995, por Mário Soares, com o grau de grande-oficial da Ordem Infante D. Henrique, em 2012, por Aníbal Cavaco Silva, com o grau de grande-oficial da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada, e em 2016, por Marcelo Rebelo de Sousa ,com a grã-cruz da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada.

SO/LUSA

 

[box] Notícias Relacionadas:

Ordem dos Médicos apela ao Curry Cabral para criar circuitos independentes

Para o bastonário dos Médicos a separação de circuitos é possível porque, afirmou, o Curry Cabral é um “hospital grande e com muito espaço” para separar os “doentes covid” dos doentes “não covid”.

Ordem dos Médicos alerta para falta de resposta aos outros doentes prioritários

Ordem alerta que doentes prioritários não covid-19 estão a ser relegados para segundo plano, em áreas que “não podem esperar” como a oncologia ou os transplantes.

Ordem dos Médicos defende revisão dos critérios para uso universal de máscaras

OM defende que a DGS deve rever, com caráter de urgência, os critérios de utilização universal das máscaras, sobretudo nos espaços públicos.

[/box]
Print Friendly, PDF & Email
ler mais
Print Friendly, PDF & Email
ler mais