9 Fev, 2023

MGF. “As discrepâncias regionais de organização do internato são um grande desafio”

Em entrevista, João Pestana, interno do 4º ano da USF Topázio, em Coimbra, aborda os grandes desafios na formação atual dos internos de MGF e antecipa a sexta edição do Start MGF, que, este ano, vai contar com um maior número de workshops.

Que expectativas tem para a sexta edição do Start MGF? Quantos participantes esperam?

Anualmente, entre as várias edições, a expectativa foi sempre a de elevar a qualidade científica, podendo oferecer a médicos de medicina geral e familiar, internos e especialistas, a melhor formação ao mais baixo custo possível. Este ano esperamos crescer quer em número de participantes, ultrapassando os 200 inscritos, quer na apresentação do curso, melhorando questões logísticas e alargando a oferta formativa e temática.

Há novidades na edição deste ano?

Aumentámos o número de workshops disponíveis, permitindo que quase a totalidade dos inscritos tenha possibilidade de frequentar um momento de abordagem mais prática e de contacto mais próximo, facilitando a aprendizagem. Teremos também momentos lúdicos e de convívio com os participantes, de forma a que possam relaxar e disfrutar da cidade e da companhia dos restantes participantes. Quanto ao espaço, apesar de ser manter o mesmo do ano passado, procurámos melhorar as condições disponíveis para os workshops e para as refeições e momentos de pausa.

Quais os maiores desafios e aspetos a melhorar na formação atual dos internos de MGF?

Pessoalmente, acho que numa fase em que se dá tanta importância à questão curricular e realização de trabalhos científicos, é importante que todos os internos tenham um espaço onde possam aprender a construir os mais diversos trabalhos, com chamadas de atenção aos erros mais frequentes, uma vez que é algo com que temos pouco contacto previamente ao internato. Felizmente através do StartMGF e de outras iniciativas, vai-se conseguindo colmatar essas deficiências.

As discrepâncias regionais de organização do internato e oportunidades formativas são, no meu entender, também um grande desafio, uma vez que ao formarmos internos, deveríamos contribuir equitativamente para a sua formação e consequentemente, para a formação de um médico especialista mais completo e com uma maior abrangência de conhecimentos. Este último ponto é também um dos maiores desafios do internato – temos muitas vezes que reorganizar a forma como pensamos, olhamos o doente, abordamos os seus problemas dentro do contexto familiar e social em que se enquadra, esquecendo a abordagem pormenorizada de apenas algumas patologias em específico como aprendemos na formação pré-graduada. No fundo, integrar o doente, todas as patologias das diversas especialidades, no seu contexto pessoal, familiar e social, não esquecendo a prevenção de doenças.

Como olha para o futuro da Medicina Geral e Familiar?

Cada vez mais a vejo como o pilar central dos cuidados de saúde. A integração das várias doenças, de vários níveis de cuidados, não esquecendo as expectativas do doente, dificuldades e receios, tornam-na num ponto central na saúde dos utentes e das populações. Infelizmente, para que tal continue, é preciso que lhe seja reconhecida esta importância, quer a nível organizacional dos cuidados de saúde quer em termos de investimentos. É necessário perceber que a base da abordagem às diversas patologias, olhando para o futuro, é prevenir que elas apareçam, reduzindo assim o número de doentes e consequentemente de tratamentos necessários.

SO

Notícia Relacionada

“É preciso ‘desburocratizar’ o papel dos MGF que passam muito tempo em tarefas sem valor clínico”

Print Friendly, PDF & Email
ler mais
Print Friendly, PDF & Email
ler mais