23 Nov, 2021

Mais de 400 médicos saíram do SNS desde o fim do estado de emergência

Falta de profissionais, excesso de horas extras e falta de tempo e condições para fazer investigação são dos motivos mais apontados para as rescisões.

Com o fim da proibição de saída do SNS, quando terminou o último estado de emergência, acentuou-se a saída de profissionais dos hospitais públicos. Desde dia 1 de maio deste ano, 404 médicos rescindiram contrato com o Estado, avança a CNN Portugal, citando dados da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS).

Na origem destas saídas estão fatores como a falta de condições, falta de profissionais, excesso de horas extras, fraco investimento em hospitais públicos e falta de tempo e condições para fazer investigação.

O primeiro mês sem estado de emergência (maio) foi aquele que registou um maior número de rescisões de clínicos – 104. Em junho saíram 48, em julho desvincularam-se outros 78, em agosto 55, em setembro 77 e em outubro 42. Muitos dos médicos que abandonaram o SNS são especialistas em Medicina Interna, uma das especialidades que esteve na linha da frente do combate à pandemia de Covid-19.

A internista e professora universitária Catarina Mota revelou, à CNN, que vai deixar o Hospital de Santa Maria (instituição onde trabalha há 20 anos) no final deste mês. “Atualmente a disponibilidade dos serviços é nula, porque não há recursos humanos. O trabalho é mal pago; há trabalho não pago e descanso que não é devidamente gozado. Fazemos muito mais horas que o que devíamos, com riscos”.

A falta de recursos aumenta a necessidade de trabalho extraordinário que, por sua vez, prejudica o equilíbrio entre a vida profissional e a pessoal, outros dos fatores que leva a médica a deixar o SNS e rumar ao setor privado – um caminho, muitas vezes sem retorno, que fazem cada vez mais profissionais. Outra das carências apontadas é a falta de tempo e de condições para fazer formação e investigação e dar aulas. “A maior parte de nós tem interesse na atividade académica, em dar aulas, em fazer atividade científica, mas não temos tempo, não temos reconhecimento das instituições”.

SO

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