28 Jul, 2020

Mais de 40 mil doentes à espera de cirurgia há mais de um ano

Há ainda mais de 120 mil doentes à espera de consulta há mais de nove meses. Objetivo é conseguir recuperar 25% da atividade perdida durante os meses de pandemia da Covid-19

A quebra na atividade cirúrgica durante os meses de pandemia veio piorar uma realidade que já não era favorável. De acordo com o Ministério da Saúde, no final de Abril havia 40.953 doentes à espera de cirurgia, há mais de um ano, no Serviço Nacional de Saúde. A tutela revelou ainda que, no mesmo mês, haviam 123.234 pedidos de consultas a aguardar resposta à nove meses.

De acordo com o jornal i, desde março que os dados sobre a evolução dos utentes em listas de espera não são atualizados no Portal da Transparência. Os dados que se encontravam no portal, já apontavam para um aumento do número dos utentes em lista de espera para cirurgia, para além do que são os prazos recomendados.

No primeiro semestre de 2019, o Ministério da Saúde tinha estabelecido um plano para resolver o problema das cirurgias e consultas em lista de espera há mais de um ano. Já nessa altura havia 21 mil doentes há espera de operação e 99 mil doentes a aguardar consulta há mais de um ano.

Quando o tempo máximo de resposta garantido é ultrapassado em dois terços, no caso das cirurgias, os utentes recebem um vale que lhes permite serem operados em outros hospitais contudo, são frequentes os casos em que os utentes recusam. Muitos dos doentes querem continuar a ser acompanhados pelos seus médicos e, na maioria dos casos, os hospitais que são colocados à sua disposição não são viáveis para os utentes.

 

Objetivo é recuperar 25% da atividade perdida nos últimos meses

 

Em declarações ao jornal i, a tutela referiu os incentivos de recuperação da atividade, definidos no Programa de Estabilização Económica e Social, onde está previsto um aumento de pagamento às equipas que produzem cirurgias e consultas adicionais, para além dos horários-base. O Ministério da Saúde indica que está prevista “uma verba 33,7 milhões de euros destinados à recuperação da atividade de primeira consulta hospitalar e de 25% da atividade cirúrgica de doentes em Lista de Inscritos para Cirurgia, cujos tempos de espera se encontrem acima do Tempo Máximo de Resposta Garantido.”

A Convenção Nacional da Saúde defendeu a necessidade da criação de um programa excecional de recuperação das listas de espera, para se conseguir cumprir as metas estabelecidas e que vá além dos incentivos que o Governo prometeu. O fórum, liderado pelo médico Eurico Castro Vales, defende a criação de Vias Verdes para a articulação entre hospitais e cuidados primários, a expansão da hospitalização domiciliária e uma maior proximidade na dispensa dos medicamentos.

“O aumento das listas de espera, cirúrgica e de consultas e a não realização dos necessários exames de diagnóstico, tornaram-se o problema número um da saúde em Portugal”, referiu Eurico Castro Vales.

AR/SO

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