Já há mais hospitais privados do que públicos em Portugal

Pela primeira vez, o número de unidades de saúde privadas em Portugal ultrapassou as públicas. Contudo, os hospitais públicas ainda detêm quase 70% de todas as camas para internamento e 84% dos atendimentos.

Era uma ultrapassagem esperada há já algum tempo. Pela primeira vez, o número de unidades de saúde privadas em Portugal ultrapassou as públicas. Em 2016, existiam, segundo os dados agora divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), 225 hospitais no nosso país, sendo que 114 eram privados e 111 pertenciam ao Serviço Nacional de Saúde.

A propósito do Dia Mundial da Saúde que se assinala amanhã, dia 7 de abril, o INE revela também que, em 2016, existiam nos hospitais 35 337 camas disponíveis para internamento. Aqui é notória a maior capacidade de internamento dos hospitais públicos, já que estes detêm mais de 24 mil camas deste tipo. Ao analisar o período compreendido entre 2006 e 2016, o INE conclui que estes hospitais registaram, pela primeira vez em 10 anos, um aumento do número de camas disponíveis para internamento ainda que pequeno (mais 29 camas que em 2015).

Os hospitais do setor público continuam a assegurar a maior parte dos cuidados de saúde. Em 2016 foram realizados cerca de 7,7 milhões de atendimentos nos serviços de urgência dos hospitais, com um aumento de 5,4% face ao ano anterior. A predominância foi para os atendimentos nos hospitais públicos ou em parceria público-privada, com 84,2% dos atendimentos em serviços de urgência.

Ao longo dos 10 anos em análise “os hospitais privados ganharam importância na prestação destes cuidados, com um valor (1,2 milhões de atendimentos) que duplica o de 2006 (cerca de 600 mil atendimentos)”, refere o INE.

A maioria dos atendimentos nos serviços de urgência dos hospitais foi motivada por doença (81,9%), enquanto as lesões por acidente estiveram na origem de 10,8% dos atendimentos e 7,4% deveram-se a outras lesões ou causas (incluindo lesões por agressão e lesões autoprovocadas intencionalmente). Os dados do INE indicam que nos hospitais portugueses, em 2016, foram realizadas aproximadamente 1,1 milhões de cirurgias, das quais 178 mil pequenas cirurgias. Cerca de 73% das operações (exceto pequenas cirurgias) foram realizadas em hospitais públicos ou em parceria público-privada, das quais 85% foram programadas.

No caso dos hospitais privados, as cirurgias programadas tinham um peso maior, representando 89,4% do total de cirurgias (exceto pequenas cirurgias) realizadas em 2016. Segundo o INE, o aumento no número de consultas médicas ocorreu principalmente nos hospitais privados.

Em 2016, foram realizadas cerca de 19,4 milhões de consultas médicas na unidade de consulta externa dos hospitais, das quais 66% foram asseguradas por hospitais públicos ou em parceria público-privada (67,6% no ano anterior).

O número de consultas médicas na unidade de consulta externa dos hospitais aumentou 2,8% entre 2015 e 2016, de forma mais expressiva nos hospitais privados (+7,9%) do que nos hospitais públicos ou em parceria público-privada.

Em 2016, os hospitais privados foram responsáveis por 34% do total de consultas (mais 484 mil consultas face ao ano anterior, o que representa 90,7% do aumento total de consultas).

As especialidades com maior número de consultas médicas na unidade de consulta externa dos hospitais públicos ou em parceria público-privada foram, em 2016, por ordem decrescente, a Oftalmologia, a Ginecologia-Obstetrícia, a Ortopedia e a Cirurgia Geral. No caso dos hospitais privados, foram a Ortopedia, a Oftalmologia e a Ginecologia Obstetrícia.

LUSA/ SO

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