Humanismo em saúde em populações específicas: um compromisso coletivo
Médico de Família na USF Terras de Bouro - ACeS Cávado II (Gerês/Cabreira)/Assistente Convidado na Escola de Medicina da UM/Vice-Coordenador para as Relações Externas no MGF.dor - Grupo de Estudos de Dor da APMGF

Humanismo em saúde em populações específicas: um compromisso coletivo

No último Congresso Nacional de Internos de Formação Geral pudemos discutir a relevância do humanismo em saúde como vetor relevante dos sistemas de saúde, com foco especial em populações específicas, enfatizando-se o compromisso coletivo na promoção de equidade, qualidade e acessibilidade aos cuidados de saúde.

Um aspeto fundamental será a mitigação de barreiras limitantes ao acesso igualitário aos serviços de saúde, através de maior capacitação dos profissionais de saúde para a compreensão da diversidade sociocultural vigente e ainda do estímulo à participação ativa, destas populações específicas, nas decisões sobre políticas de saúde no seio da sua comunidade.

Assegurar transporte acessível e em sintonia com as necessidades em saúde de cada população, providenciar intérpretes de língua gestual para surdos ou mesmo tradutores para migrantes em consultas, são exemplos concretos de como se podem atender algumas necessidades individuais de estratos mais frágeis da população.

Políticas públicas sensíveis às necessidades individuais dos cidadãos são essenciais para humanizar os cuidados de saúde. Esta premissa envolve um investimento em programas de prevenção que também possam abordar as necessidades específicas destes grupos.

Pesem embora os riscos associados à medicina digital e à tecnologia no âmbito da humanização de cuidados, estes podem oferecer oportunidades ímpares para melhorar o acesso aos cudados de saúde, assim como a sua eficiência. A telemedicina, por exemplo, pode alcançar pessoas em áreas remotas, tornando os cuidados mais acessíveis e generalizáveis.

A gestão dos desafios em saúde em populações específicas requer, em suma, uma abordagem colaborativa, holística e centrada na pessoa. Isto significa monitorizar em permanência as desigualdades em saúde e avaliar o impacto que políticas e programas possam ter na procura do objetivo de mitigar essas mesmas desigualdades.

Reconhecendo que a saúde está intrinsecamente ligada ao contexto social e económico em que nos inserimos, impera a necessidade de um compromisso social e cívico no sentido de abordar estas disparidades de forma abrangente e eficaz.

Assim, propõe-se um compromisso global de promoção da equidade, qualidade, acessibilidade e humanismo nos cuidados de saúde, fazendo com que estes possam servir todos os cidadãos, independentemente da origem dos mesmos ou da sua condição socioeconómica.

Co-autores: Ana Jorge, Carolina Martins, Miguel Paiva

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