3 Dez, 2018

Hospitais iniciam a partir de março rastreio ao estado nutricional dos doentes internados

Todos os hospitais públicos vão passar a fazer, a partir de 31 de março, o rastreio ao estado nutricional dos adultos e das crianças internadas, avançou à Lusa a bastonária da Ordem dos Nutricionistas.

No passado dia 1 de junho, Dia Mundial da Criança, a Ordem dos Nutricionistas lançou a “Norma de Orientação Profissional para Identificação do Risco Nutricional em Idade Pediátrica” acompanhada da ferramenta ‘STRONGkids’, que permite aos profissionais de saúde avaliar o estado nutricional das crianças.

Fazendo um balanço da iniciativa, a bastonária da Ordem dos Nutricionistas, Alexandra Bento, afirmou que a norma ainda não está a ser aplicada a todos os hospitais, mas em 31 de março de 2019 terá de estar, na sequência de um despacho do Ministério da Saúde.

A norma da Ordem dos Nutricionistas está “perfeitamente alinhada” com o despacho 6634/2018 do Ministério da Saúde, que determina as ferramentas a utilizar para a identificação do risco nutricional dos doentes internados, com vista ao desenvolvimento de estratégia de combate à desnutrição hospitalar.

No caso de doente adulto, a ferramenta de identificação do risco nutricional é a ‘Nutritional Risk Screening 2002 (NRS 2002)’ e no caso de doente em idade pediátrica é a ‘STRONGkids’.

A ‘STRONGkids’ tem como objetivo “identificar o risco nutricional nas crianças internadas nos hospitais do Serviço Nacional de Saúde e noutros hospitais que tenham serviço de pediatria, possibilitando uma intervenção atempada nestas crianças”, disse Alexandra Bento.

“As crianças classificadas com um risco elevado devem ser referenciadas para intervenção pelo nutricionista”, explicou.

Para a bastonária dos nutricionistas, foi “um marco importantíssimo” a “determinação de obrigatoriedade” deste rastreio “ter visto a luz do dia” e “o Ministério da Saúde ter percebido que é uma de importância extrema a identificação deste risco nutricional”.

Destacou ainda o facto de ter sido determinada a adaptação das plataformas informáticas do registo de saúde eletrónica para poderem alojar estas ferramentas.

“Se as plataformas informáticas não estiverem adaptadas para alojar estas ferramentas torna-se quase impossível operacionalizarmos a identificação do risco nutricional”, sublinhou.

Citando alguns estudos, Alexandra Bento disse que a prevalência da desnutrição em crianças e adolescentes em internamento hospitalar é elevada em Portugal.

A bastonária explicou que “a desnutrição é um desequilíbrio entre aquilo que são as necessidades das crianças em termos alimentares, em termos nutricionais, e o que a criança ingere para a satisfação das suas necessidades”, prejudicando o seu crescimento e desenvolvimento, mas também a sua recuperação atempada.

No despacho de julho, o Ministério da Saúde afirma que “a desnutrição em doentes internados em hospitais representa um grave problema de saúde que é frequentemente encoberto por outras situações clínicas” e está associada a um aumento do risco de infeções e de outras complicações e a uma necessidade acrescida de tratamentos hospitalares e de reinternamentos.

“Trata-se de uma situação que amplifica a necessidade de cuidados de saúde e influência marcadamente a qualidade de vida dos doentes, com elevados custos a nível pessoal, para a sociedade e para o sistema de saúde”, lê-se no diploma.

Considera ainda “fulcral que a prestação de cuidados nutricionais por parte dos estabelecimentos hospitalares, através da sua oferta alimentar, auxilie na recuperação, aumente a qualidade de vida do doente e reduza a incidência de deficiências nutricionais e de desnutrição”.

LUSA

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