19 Ago, 2024

Há “falta de consciencialização” sobre o impacto da perimenopausa, menopausa e pós-menopausa”

O ginecologista Joaquim Neves, porta-voz do estudo “Menopausa: Como é vivida pelas mulheres em Portugal”, promovido pela Wells e conduzido pela Return On Ideas, fala sobre esta fase da vida das mulheres, assim como da peri e pós-menopausa. No seu entender, é necessário haver mais informação, para que as mulheres estejam mais conscientes e preparadas, de forma a adotarem comportamentos que melhorem a sua saúde.

64% das mulheres em perimenopausa ou em plena menopausa admitem estar numa fase má ou muito má da vida, e nove em cada 10 são afetadas por pelo menos um sintoma durante este período. O que contribui para esta realidade?
Isto deve-se à falta de consciencialização sobre a importância e o impacto da perimenopausa, menopausa e pós-menopausa na vida das mulheres. É necessário haver mais informação e mais diálogo sobre estes temas, para que as mulheres possam começar a preparar estas fases, adotando medidas e comportamentos que contribuam para melhorar a sua saúde.

 

No estudo destaca-se também a dificuldade em distinguir perimenopausa de menopausa. De que forma os médicos podem colmatar esta falha de informação, tendo em conta que, no Serviço Nacional de Saúde, os tempos de consulta não deixam muita margem de tempo para educação para a saúde?
A menopausa é um fenómeno único na vida de cada mulher, marcado pelas últimas perdas menstruais. É o momento que assinala o fim da fertilidade e é diagnosticado depois de ocorridos 12 meses consecutivos sem menstruação. A perimenopausa, por sua vez, é um período muito variável que pode durar de 4 a 8 anos e estender-se até um ano após a entrada da menopausa. Esta é a explicação mais rápida e clara para distinguir as duas fases.

 

A componente psicológica é muito forte. De que forma se pode agilizar a interligação entre o ginecologista ou médico de família e o psicólogo e psiquiatra?
Em consultas para mulheres em pós-menopausa deve existir uma equipa multidisciplinar que inclua psicólogos e psiquiatras, pois a ginecologia sozinha não aborda todas as condições associadas à menopausa e pós-menopausa. Durante os meus 21 anos de trabalho numa instituição pública, fazíamos sempre uma avaliação psicológica ou psiquiátrica quando se verificava que havia uma interferência da Saúde Mental na atividade diária das pacientes.  Aliás, ainda hoje continuo a fazer essa integração para garantir um cuidado mais completo.

 

Num mundo globalizado, de redes sociais, de que forma se pode melhorar a educação para a saúde neste âmbito da perimenopausa e menopausa?
Uma função essencial das redes sociais, dada a sua ampla adoção pela sociedade, é transmitir informações claras e promover diálogos esclarecedores com as mulheres interessadas. Além disso, é importante fornecer recomendações práticas para os problemas que podem surgir durante a perimenopausa e menopausa.

 

SO

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