19 Fev, 2024

Grupo de Trabalho do Cancro do Pulmão da ERS. “A missão é constituir uma autoridade de referência a nível europeu”

Joana Pereira, médica especialista do serviço de Pneumologia da ULS Braga foi eleita secretária do Grupo de Trabalho do Cancro do Pulmão da European Respiratory Society (ERS). Em entrevista, afirma que o cargo representa “o reconhecimento do trabalho realizado até agora”, e que é “uma oportunidade e um privilégio poder continuar a trabalhar com uma equipa que integra pneumologistas e investigadores de referência a nível europeu”.

A especialista explica que um dos objetivos deste grupo é “ajudar na implementação do rastreio do cancro do pulmão a nível europeu”, de modo a que seja possível “uniformizar os cuidados oncológicos, proporcionando melhores acessos dos doentes ao rastreio e diagnóstico precoce”.

O Grupo de Trabalho do Cancro do Pulmão da ERS é responsável “pela organização de congressos, reuniões científicas, webinares, seminários, promovendo a divulgação das melhores práticas médicas e a atualização de conhecimentos científicos”, explica Joana Pereira. Além disso, “promovemos a formação para pneumologistas na área da Pneumologia Oncológica, e participamos em projetos de investigação a nível translacional e clínico na área da Oncologia torácica”.

“A nossa missão é constituir uma autoridade de referência a nível europeu na área do cancro do pulmão”, afirma a especialista, que indica que o grupo reúne frequentemente com vários pneumologistas de referência a nível europeu, com o intuito de delinear estratégias para melhoria dos cuidados oncológicos. “Neste momento temos em mãos um projeto financiado pela Comissão Europeia que nos permite reunir pneumologistas, imagiologistas, metodologistas com o objetivo final de facilitar a implementação de programas de rastreio do cancro do pulmão em toda a Europa, eliminando as barreiras ao rastreio para garantir o acesso de pessoas de todos os grupos sociais e económicos”, explica.

Quanto ao acesso a tratamentos inovadores, a especialista refere que “Portugal, a nível europeu, acaba por não ser um país muito atrativo, não pela falta de profissionais excelentes e dedicados, mas porque em termos organizacionais outros centros internacionais são muito mais competitivos e conseguem incluir mais facilmente doentes em ensaios clínicos e possuem também maior facilidade no acesso a terapêuticas inovadoras”.

Evidencia-se, , uma “falta de investimento nacional na investigação”. “Temos excelentes investigadores e institutos de investigação, mas existe falta de investimento na investigação translacional e clínica. Além disso existe falta de organização nas estruturas para que seja possível haver uma carreira de médico-investigador, algo que ainda não é reconhecido em Portugal”, conclui.

De acordo com dados da OMS, em 2022 surgiram cerca de 2,5 milhões de novos casos de cancro do pulmão. A nível nacional, Joana Pereira indica que, a estimativaseja superior a 5000 novos casos por ano.

CG

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