Gestão conjunta do doente crónico pela MI e MGF tem ser a “forma natural de trabalhar”

Ao SaúdeOnline, a presidente do 27º Congresso Nacional de Medicina Interna, que arranca este sábado (em Vilamoura e em formato virtual) espera que o evento seja "um sucesso" e admite que a abordagem conjunta da MI e MGF ao doente crónico possa demorar "duas gerações" a concretizar-se em pleno.

Foto: JustNews

Quais as expectativas da organização para o congresso deste ano?

Que vai ser um sucesso e vai correr muito bem!

O tema da edição deste ano é “Valorizar a Medicina Interna”. Em que sentido? Considera que a MI não tem sido valorizada?

Claro que tem sido valorizada, mas muito mais pelo facto de manter a atividade assistencial do hospital e pouco pela 1) sua capacidade de liderança na atividade organizativa ou pela 2) aptidão que a medicina Interna detém (pela sua preparação) na integração da evidência baseada em grandes números e evoluções tecnológicas com o olhar personalizado sobre o doente.

Que temas de maior interesse destaca no congresso de 2021?

Não destaco nenhum em particular sobretudo agora que se olha para o programa fechado, acho tudo essencial no conjunto.

Este congresso volta a ter um envolvimento significativo da MGF. Quais os desafios que se colocam na interação entre as duas especialidades, no sentido de melhor tratar os doentes?

A Medicina Geral e Familiar está para o doente de ambulatório como a Medicina Interna está para o doente do hospital – é uma “gestora” do percurso do doente no sistema de saúde. O Sistema Nacional de Saúde precisa de integrar a relação entre os cuidados de saúde primários e os cuidados hospitalares. O modelo que temos no Hospital da Luz Lisboa em que a MGF está dentro do hospital aproxima de facto as duas especialidades, que trabalham de forma muito interligada, referenciando os doentes entre ambas e sendo criativas na melhor solução para o acompanhamento do doente caso a caso.

Demorará pelo menos duas gerações de especialistas de MI e de MGF para que se interiorize de forma progressiva pelas duas partes a necessidade de gerir em conjunto o doente crónico. Tem que aos poucos ser considerado a rotina e a forma natural de trabalhar.

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