17 Mar, 2023

Envelhecimento Saudável. “Procuramos transmitir conhecimento que dissocie ‘Aging’ e ‘Doença’”

O Chairman do 4TH International Healthy Aging Summit 2023, João Pedro Matos faz uma antecipação do que será esta 4.ª edição, que se vai realizar nos dias 24 e 25 de março, em Lisboa. Para o, também, farmacêutico e fundador da Academia Lusófona de Ciências Farmacêuticas, o envelhecimento é um dos grandes desafios da sociedade. Contudo, é importante que se dissocie as variáveis “Aging” e “Doença”, uma vez que “o risco de doença associada ao envelhecimento, pode ser controlável, passível de antecipação e, muitos casos, reversível”.

Qual a importância de se realizar um evento internacional sobre envelhecimento saudável?

O envelhecimento global da população é uma evidência do sobejo conhecimento de todos, assim como os desafios que incorrem para os sistemas de saúde, profissionais de saúde, cuidadores formais e informais e, em primeira e última instâncias, para a pessoa e para a sociedade como um todo.

É igualmente notório que os desafios decorrentes da inversão demográfica por faixas etárias, é uma realidade multidimensional e que padece de uma abordagem em conformidade (multidisciplinar), envolvendo o maior número de stakeholders desta complexa cadeia de valor.

O conceito de envelhecimento saudável, que procuramos transmitir no contexto científico deste summit, passa pela deteção de um conjunto de problemas e desafios que o processo de envelhecimento supõe, trazendo a debate importantes soluções que se fundamentam nos princípios da medicina preventiva, promovendo o autocuidado e o self-awareness. Sendo naturalmente desejável uma abordagem preventiva, são vários os quadros e situações clínicas que serão igualmente trazidas a debate, onde a abordagem funcional se poderá revelar determinante na melhoria do quadro clínico dos pacientes com doença instalada.

Quais os principais desafios que o envelhecimento coloca à sociedade, sobretudo no que respeita à saúde?

O envelhecimento, cuja tendência é o seu aumento e conforme teremos oportunidade de abordar na manhã do primeiro dia do summit como enquadramento (realidade 2020 vs 2050, em relação às várias dimensões desta realidade), coloca um conjunto de desafios à sociedade, que, desde logo, padecem de uma reformatação quanto à sua correta segmentação.

Deixou de fazer sentido considerarmos idosos ou adultos sénior, pessoas com mais de 65 anos, sem mais (como teremos igualmente oportunidade de abordar). Por outro lado, o paradigma de aumentar a esperança média de vida e de encetar iniciativas que promovam o envelhecimento ativo têm vindo a demonstrar-se cada vez mais insuficientes. Não basta ocupar os adultos em idade de reforma com atividades lúdicas e socioculturais, promover o controlo dos parâmetros mínimos de saúde e a gestão da manifesta prevalente medicação crónica, com base na inevitabilidade da sua toma e cumprimento, rumo à desejada “qualidade de vida”.

O próprio conceito de “qualidade de vida” deve ser mais ambicioso, desafiante e adaptado às reais necessidades desta população, cada vez mais prevalente. No que concerne especificamente à dimensão saúde, procurará transmitir-se conhecimento que dissocie as variáveis “Aging” e “Doença”. Se é certo que o risco de doença aumenta com a idade/processo de envelhecimento, esse mesmo risco é controlável, passível de antecipação e, muitos casos, totalmente reversível.

“Se é certo que o risco de doença aumenta com a idade/processo de envelhecimento, esse mesmo risco é controlável, passível de antecipação e, muitos casos, totalmente reversível.”

Quais os principais temas de interesse desta área?

Como já vendo sendo habitual desde a 3.ª edição, estabelecemos um foco para cada edição. O 4TH International Healthy Aging Summit 2023 é dedicado ao importante conceito de “Inflammaging” e tópicos relacionados. Contamos, entre membros da Comissão Científica e palestrantes nacionais e internacionais, com a participação de representante da Organização Mundial de Saúde, na manhã de abertura, que se inicia com as boas-vindas, pela Dr.ª Ana Jorge, presidente da Cruz Vermelha Portuguesa e ex-ministra da Saúde.

Vamos ter pessoas de renome no evento. Qual a importância de se realizar em Portugal?

Portugal, particularmente Lisboa, é um destino que tem sido e continua a ser bastante procurado como destino turístico e para realização de atividades científicas, por diversas entidades internacionais. A realidade do envelhecimento da população em Portugal faz-se sentir de forma particularmente acentuada, quando comparada com a média da UE. A sua realização em Lisboa – Portugal, permite aos profissionais de saúde e estudantes portugueses, o contacto com um conjunto de matérias de vários quadrantes da medicina e da saúde, com a experiência e produção científica de experts internacionais, sem a necessidade de se deslocarem do país.

Quais as suas expectativas?

Esperamos, como é habitual, que as expectativas dos participantes e de todos os envolvidos sejam superadas e que os vários profissionais de saúde possam levar consigo, após a imersão nestes dois dias de partilha de conhecimento, importantes ferramentas para aplicação na sua prática clínica diária.

SO

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