EDITORIAL | Saúde à moda do Porto
Jornalista; Diretor de Informação do SaúdeOnline

EDITORIAL | Saúde à moda do Porto

Começo com uma pergunta: o que faz de diferente o SNS na zona Norte, e particularmente no Grande Porto, para apresentar ao país números de cobertura da população por médico de família acima de 95%? Ou, no caso dos hospitais, o que faz com que estes registem menores tempo de resposta a consultas e cirurgias, tenham um melhor desempenho na atividade assistencial, respondam de forma mais eficiente a situações extremas (como a pandemia) ou se lancem em projetos ou criem soluções para problemas “estruturais”, como a reorganização metropolitana das urgências obstétricas (na zona do Porto) ou o encaminhamento para os centros de saúde de doentes pouco graves que recorrem às urgências?

São várias as razões que explicam a o melhor desempenho dos cuidados de saúde públicos na região Norte. Umas são mérito dos profissionais de saúde e dos gestores, outras apenas força das circunstâncias. É certo que regiões como Lisboa e Vale do Tejo ou Algarve enfrentam desafios diferentes, eventualmente mais complexos, o que as coloca, à partida, e só por si, em desvantagem, pelo que dizer, como António Costa disse, que “Lisboa tem muitíssimo a aprender com o Porto” não é, certamente, a melhor forma de colocar a questão.

De qualquer das formas, a posse de Manuel Pizarro como ministro da Saúde e a entrega da nova Direção Executiva do SNS a Fernando Araújo (ex-presidente do São João, provavelmente o hospital mais eficiente do país) são um sinal claro de que a “fórmula além-Vouga” tem potencialidades, que podem e devem ser replicadas a nível nacional, numa altura em que é fundamental responder ao mais que visível enfraquecimento do SNS e em que se torna urgente uma pedrada no charco, que permita melhorar os problemas de gestão e organização do sistema e aumentar a produtividade, fazendo mais e melhor com os recursos disponíveis.

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