Covid-19: Médicos devem notificar todos os casos no SINAVE, apesar de limitações
Apelo é feito pela diretora-geral da Saúde, que reconhece que a plataforma não é a ideal. Médicos apontam falhas ao sistema.
Graça Freitas reconheceu que o sistema que os médicos e laboratórios utilizam para identificar os casos confirmados ou suspeitos de infeção pelo novo coronavírus, que provoca a doença covid-19, não é ideal, justificando que quando a plataforma foi criada não se previa este fluxo.
“Estamos sempre a tentar melhorar estas plataformas, que foram construídas para situações de carga completamente diferente da que temos agora”, explicou, reiterando que, ainda assim todos os médicos e laboratórios são obrigados a notificar o sistema.
A diretora-geral da Saúde aproveitou a conferência de imprensa para justificar o aumento do número de casos suspeitos no boletim epidemiológico do dia 18 de abril, sobre o qual tinha sido questionada na terça-feira, explicando que esse aumento traduziu um apelo da Direção-Geral da Saúde (DGS) aos laboratórios.
Segundo Graça Freitas, alguns laboratórios não estavam a notificar o sistema de vigilância dos resultados negativos aos testes de diagnóstico e a DGS enviou a todos um pedido para que essa informação fosse atualizada.
“No dia 18 de abril, 80% das notificações que entraram no sistema SINAVE eram laboratoriais e destas 40% tinham uma validação de exame prévia à data que em que foram incluídas. A mais antiga era mesmo de 20 de março”, explicou, reforçando que toda esta informação é necessária para acompanhar a evolução da pandemia.
“Pesadelo burocrático”
As críticas à morosidade do processo de notificação começaram a surgir no início de abril. Jaime Nina, médico infecciologista do Hospital Egas Moniz, diz que o SINAVE (o único sistema de reporte de casos que vai ser considerado a partir de agora) é um “pesadelo burocrático”. “Colocar tudo dependente do SINAVE significa que vamos deixar de ter dados“, antecipa o especialista, em declarações ao jornal Observador. Isto porque, explica, o sistema pode não estar preparado para centralizar toda a informação relativa ao Covid-19.
SO/LUSA