29 Jun, 2018

Cientistas do Instituto Gulbenkian descobrem como ajudar antibióticos com “bactérias batoteiras”

Investigadores do Instituto Gulbenkian de Ciência descobriram novas maneiras de acabar com bactérias nocivas usando bactérias "batoteiras", que consomem recursos sem os repor no ambiente em que vivem, o que leva ao colapso das comunidades.

A investigação liderada por Karina Xavier, do Laboratório de Sinalização de Bactérias, é publicada hoje na revista Current Biology usa princípios da economia, estudando como as comunidades bacterianas funcionam como as sociedades humanas no sentido em que as bactérias interagem, produzem compostos que libertam para o ambiente e esses são “bens públicos” de que todas beneficiam.

“Esta nova abordagem permitiu-nos desenvolver previsões sobre como as comunidades bacterianas interagem umas com as outras”, afirma Karina Xavier, que prevê que “novas drogas que atuem de modo a bloquear os comportamentos sociais das comunidades bacterianas vão ser muito mais eficazes no combate contra infeções do que os antibióticos agora disponíveis”.

O alvo principal foram as bactérias que, devido a mutações, não produzem esses compostos que são bens públicos, o que lhes vale a designação de batoteiras.

“As bactérias batoteiras lucram com produtos produzidos por outras bactérias sem contribuir para essa produção”, afirmou o primeiro autor do estudo, Özhan Özkaya, acrescentando que essa poupança lhes permite crescer mais e mais depressa. Se os batoteiros invadirem a população, os bens disponíveis deixam de ser suficientes e isso leva à sua extinção, verificaram os investigadores.

Na pesquisa foi usada uma bactéria que costuma infetar os pulmões, a ‘Pseundomonas aeruginosa’, que se encontra em doentes com fibrose cística, e descobriu-se que, quando se combinam mutantes de diversas estirpes e bactérias normais, o colapso das comunidades bacterianas pode ser adiado ou evitado.

“Quando os batoteiros fazem batota um com o outro, o colapso da população que poderia ser causado por um batoteiro pode ser evitado e a população consegue permanecer estável por mais tempo”, o que são “péssimas notícias quando se quer eliminar uma infeção causada por um patógeno indesejável”, acrescentou.

O papel dos cientistas foi criar modelos matemáticos para prever as interações entre bactérias e mudar os nutrientes dados às bactérias para alterar a cooperação entre estirpes diferentes e levá-las à extinção.

LUSA

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