29 Nov, 2022

Bolsas Mais Valor em Saúde distinguem projetos focados na transição digital

Uma teleconsulta de demências e um projeto virado para a hospitalização domiciliária são dois dos quatro vencedores da 2.ª edição das Bolsas Mais Valor em Saúde.

A Unidade Local de Saúde Alto Minho, o Centro Hospitalar Universitário do Algarve, o Hospital Santa Maria Maior e o Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa são os vencedores da 2.ª edição das Bolsas Mais Valor em Saúde.

Os vencedores, e que receberão 50.000 euros cada, apresentaram projetos para integrar uma consulta de demências com recurso à telemedicina (Alto Minho), aumentar as valências e capacidade de confeção de produtos de apoio como próteses e ortóteses com recurso a scanner e impressão 3D (Algarve), capacitar os utentes sujeitos a terapêutica anticoagulante para a automonitorização (Santa Maria Maior) e uma plataforma inteligente para sinalizar doentes para a hospitalização domiciliária (Tâmega e Sousa).

As bolsas “Mais Valor em Saúde” pretendem apoiar a concretização de projetos nos hospitais do Serviço Nacional de Saúde que visem introduzir as alterações necessárias a uma melhor alocação de recursos. No caso dos projetos escolhidos este ano, todos têm o foco na transição digital da saúde.

“Hoje não podemos prestar cuidados de saúde sem as componentes digitais (…) para ir ao encontro das necessidades das pessoas, apostando também na eficiência do sistema”, disse à Lusa Maria de Belém Roseira, presidente do júri, que este ano analisou 14 projetos concorrentes.

A responsável lembrou ainda os resultados do último censos, que aponta para “uma demografia muito especial, com uma população muito envelhecida e com uma grande carga de doenças crónicas”, sublinhando.

“Precisamos de arranjar formas expeditas de lhes prestar cuidados [à população envelhecida], com o máximo de conforto possível, diminuindo a carga burocrática e a dificuldade de acesso aos serviços. As tecnologias digitais ajudam-nos muito, seja na parte da gestão, que fica escondida, seja na parte de levar os cuidados às pessoas”, realçou.

Com o recurso às novas tecnologias, destacou, “diminui-se a deslocação das pessoas (…) e aumenta a segurança dos doentes”.

“É uma forma de poupar recursos, melhorando a qualidade do seguimento das pessoas, quer em termos de conforto, quer de segurança e de qualidade dos diagnósticos e dos seguimentos feitos. Além de que, evitando-se deslocações desnecessárias (…) estamos também a salvaguardar o ambiente e permitir uma melhor organização da vida das famílias”, afirmou.

O Programa Mais Valor em Saúde – Vidas que Valem é uma parceria Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares (APAH), os consultores Exigo e IASIST e a Gilead Sciences, à qual se junta a Altice como parceiro tecnológico, e pretende ajudar a cimentar a cultura da Gestão da Saúde com Base no Valor (Value Based Heathcare), através da análise dos problemas atuais do SNS, da capacitação dos intervenientes na tomada de decisão, do rigor na avaliação de resultados e da transparência na sua divulgação.

O propósito é desenvolver estratégias que permitam melhorar os resultados clínicos, a satisfação dos doentes e a afetação de recursos financeiros no SNS.

O projeto que obteve a maior avaliação na edição deste ano foi apresentado pela Unidade Local de Saúde do Alto Minho e o objetivo principal é criar, no âmbito das demências, uma Equipa Hospitalar de Memória (EHM) nesta unidade, que estabeleça uma rede de cuidados a nível hospitalar e ao nível dos cuidados de saúde primários (CSP), que atue de acordo com protocolos e tenha como base um Plano Individual de Cuidados (PIC) para cada doente.

O segundo foi apresentado pelo Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA) e pretende aumentar as valências e capacidade de confeção de produtos de apoio do Núcleo de Produtos de Apoio do CHUA, visando a produção de próteses e ortóteses, feitas por medida, com recurso a scanner e impressão 3D.

A equipa pretende ainda aumentar o acesso dos utentes do CHUA a estes produtos, reduzir o tempo de espera, aumentar o tempo de vida útil dos produtos, com impressão de componentes de substituição, promover a reutilização de termoplástico para promoção de economia circular e aumentar a autonomia e funcionalidade dos utentes.

O terceiro escolhido foi o projeto do Hospital Santa Maria Maior, EPE, que pretende apostar na capacitação dos utentes sujeitos a terapia anticoagulante para a automonitorização.

O último premiado é o projeto apresentado pelo Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa, EPE e que é virado para a hospitalização domiciliária. A equipa pretende desenvolver uma plataforma inteligente de sinalização de doentes para este tipo de hospitalização, com o intuito de duplicar a capacidade, de 10 para 20 doentes.

LUSA

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