Associação pede maior equidade no acesso a tratamentos para a dermatite atópica
O Dia Mundial da Dermatite Atópica assinala-se a 14 de setembro e a ADERMAP - Associação Dermatite Atópica Portugal espera que se aposte mais no acesso a cuidados de saúde, quer no setor público quer no privado.
“A dermatite atópica (DA) afeta profundamente a qualidade de vida de milhares de portugueses, com impactos físicos, emocionais, sociais e económicos, incluindo para o sistema de saúde”, alerta a ADERMAP.
A associação apela, assim, a que se aposte na melhoria do acesso aos cuidados e tratamentos mais adequados, já que “dos 360 mil doentes portugueses, 70 mil têm formas moderadas a graves, com consequências severas e incapacitantes nas suas vidas“.
Os custos associados ao controlo da DA são elevados, com as famílias a gastarem em média mais de 1.818 euros por ano, de acordo com a ADERMAP. Além disso, “há dificuldades no acesso a consultas e tratamentos, especialmente para os casos graves, criando desigualdades entre os sistemas público e privado.”
As dificuldades fazem-se sentir no acesso a consultas de Medicina Geral e Familiar, e de especialidade, e na referenciação nos casos moderados a graves de DA, “muitas vezes considerados como não prioritários”. Por outro lado, “os utentes seguidos no sistema privado não têm acesso às mesmas terapêuticas inovadoras que estão disponíveis no SNS, fundamentais para controlar as formas graves da doença, representando uma situação de falta de equidade no acesso a cuidados e tratamentos que urge mitigar”.
De acordo com Joana Camilo, presidente da ADERMAP, “apesar de não existir uma cura para a DA, os avanços científicos e a disponibilização de novas terapêuticas mais específicas e seguras trazem esperança para aliviar o sofrimento e devolver a qualidade de vida a quem sofre com esta doença”.
“O desenvolvimento de medicamentos inovadores para DA é uma conquista extraordinária para a humanidade. Lutar pelo acesso a esses tratamentos é abrir portas para que as pessoas que deles precisam possam sonhar e tornar os seus sonhos realidade. É uma questão ética basilar, transcendendo de forma evidente o simples acesso ao mercado,” reforçou Pedro Mendes Bastos, médico especialista em Dermatologia e Venereologia, investigador principal em Ensaios Clínicos e conselheiro científico da ADERMAP.
A ADERMAP juntou-se, este ano, à campanha global #AtopicEczemaUnfiltered para dar a conhecer as experiências reais das pessoas que enfrentam DA. A doença manifesta-se por sintomas como prurido, lesões e vermelhidão, que podem cobrir até 50% do corpo, causando insónias, ansiedade e, muitas vezes, isolamento social. Cerca de 50% das pessoas com DA grave relatam dormir mal durante pelo menos 14 noites por mês, com um impacto evidente na sua saúde física e mental.
MJG
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