3 Mai, 2018

Ajudas de custo indevidas levam administradora hospitalar a julgamento

Ana Manso, que também já foi deputada do PSD, está acusada, em conjunto com o seu antigo secretário pessoal, Luís Rebelo, dos crimes de peculato e de falsidade informática, por, após ter sido exonerada do cargo de presidente da ULS, ter continuado a receber ajudas de custo.

A antiga presidente do Conselho de Administração da Unidade Local de Saúde (ULS) da Guarda Ana Manso rejeitou ontem em tribunal qualquer culpa no recebimento de ajudas de custo após deixar de exercer o cargo.

Ana Manso disse na primeira sessão do julgamento que não teve “rigorosamente nada a ver com a forma de processamento dos vencimentos” e que foi ela quem alertou para a situação logo que teve conhecimento da mesma.

O Tribunal da Guarda começou esta quarta-feira a julgar a antiga presidente do conselho de administração da ULS daquela cidade pelos crimes de peculato e de falsidade informática.

Ana Manso, que também já foi deputada do PSD, está acusada, em conjunto com o seu antigo secretário pessoal, Luís Rebelo, dos crimes de peculato e de falsidade informática, por, após ter sido exonerada do cargo de presidente da ULS, ter continuado a receber ajudas de custo.

Segundo a acusação, entre 30 de novembro de 2012 e 30 de dezembro de 2013, a arguida recebeu despesas de representação no valor de 1.131,89 euros mensais, e não no montante de 583,80 euros, “como lhe era devido, dadas as funções assumidas a partir de 22 de novembro de 2012, como Administradora Hospitalar de 1.ª Classe”.

Naquele período, Ana Manso “auferiu indevidamente a quantia global de 6.577,08 euros a título de despesas de representação, sem dar disso conhecimento ao Serviço de Recursos Humanos e ao Serviço de Vencimentos da Unidade Local de Saúde da Guarda, E.P.E., fazendo seu aquele montante”, é referido.

Ana Manso disse ao Tribunal que detetou a situação em novembro de 2013, quando necessitou de um recibo do vencimento e que de imediato deu conta da situação ao Conselho de Administração (CA), na época presidido por Vasco Lino.

“Em 38 anos de carreira isto nunca me aconteceu”, disse, rejeitando qualquer ato premeditado com Luís Rebelo ou com o serviço de pessoal da instituição.

Explicou que após ter alertado o CA para o assunto, o mesmo ficou “resolvido”, tendo em conta que repôs o dinheiro recebido indevidamente.

“Eu fui vítima deste processo. Quando descobri o que se tinha passado, fiquei triste e chateada”, afirmou.

Declarou ainda que ninguém vai para o CA da ULS/Guarda “por causa das despesas de representação no seu vencimento”.

O arguido Luís Rebelo disse que “é falso” ter premeditado algum tipo de conluio para beneficiar Ana Manso e que “jamais em tempo algum” isso lhe “passaria pela cabeça”.

“Nunca foi da minha função mexer nos abonos de pessoal dirigente, nem de pessoal médico”, afirmou.

Admitiu que deve ter ocorrido algum erro do serviço no processamento da informação salarial relativa à arguida Ana Manso.

“Tratando-se de um abono fechado manualmente, ainda hoje receberia”, se a própria não tivesse alertado para a situação, vaticinou.

O CA da ULS/Guarda que se seguiu a Ana Manso, liderado por Vasco Lino, também vai ser julgado pelo crime de abuso de poder, por autorizar a reposição, pela arguida, dos valores indevidamente processados e inviabilizado a instauração de processo disciplinar aos dois arguidos.

Ana Manso desempenhou as funções de presidente da ULS da Guarda entre dezembro de 2011 e novembro de 2012, e atualmente é administradora hospitalar na mesma instituição.

LUSA

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