12 Ago, 2019

A “tempestade perfeita”: Maternidades de Lisboa com escalas abaixo dos mínimos

O Sindicato Independente dos Médicos afirma que quase todas as maternidades da região de Lisboa estão a funcionar com escalas “abaixo dos mínimos admissíveis”.

“Nenhuma maternidade neste momento tem os mínimos admissíveis para as escalas de obstetrícia”, afirmou o secretário-geral do SIM, Roque da Cunha, num balanço da situação nas maternidades da região de Lisboa no último mês de julho e na primeira semana de agosto.

O dirigente do SIM avisa que “as maternidades têm, numa semana, mais dias de contingência do que de normalidade. Está a criar-se a tempestade perfeita, com cada vez mais trabalho, cada vez menos médicos e cada vez mais médicos a saírem [do SNS]”.

Uma das principais questões é, segundo Roque da Cunha, “o Ministério da Saúde persistir numa atitude de negação do problema”, sendo secundado pelos conselhos de administração das unidades de saúde.

O secretário-geral do SIM afirmou ainda que no início da próxima semana vai solicitar ao bastonário da Ordem dos Médicos que realize diligências para questionar os hospitais sobre os planos de contingência nos serviços de urgência de obstetrícia.

Além de escalas ilegais em alguns hospitais, que o sindicato já havia denunciado esta semana, Roque da Cunha referiu que o Hospital São Francisco Xavier não tem sequer plano de contingência, além de contemplar nas escalas médicos que ainda não são especialistas e estarão a contar como tal.

Hoje, o representante da Ordem dos Médicos na região Sul indicou à Lusa que o hospital Amadora-Sintra tem escalas de urgência de obstetrícia que são “de todo ilegais”, com médicos que fazem sete bancos de 24 horas em cinco semanas.

“As urgências do Fernando Fonseca não correspondem a uma escala mínima. As maternidades do país deviam ter oito equipas com cinco elementos para cobrir todo o mês. Há hospitais que tiveram de passar para sete equipas. O Fernando Fonseca passou para seis equipas com quatro elementos e fazem sete bancos de 24 horas em cinco semanas. É de todo ilegal”, declarou à agência Lusa o presidente da secção regional do Sul da Ordem dos Médicos.

Alexandre Valentim Lourenço indica que em 50 fins de semana, os médicos da urgência de obstetrícia do Amadora-Sintra “estão ocupados em 30 fins de semana”.

O representante da Ordem avisa que as maternidades portuguesas estão já a ultrapassar a situação limite, com profissionais a fazerem um “esforço sobre-humano” e a fazerem num mês mais de 100 horas de serviço de urgência além do habitual.

SO/LUSA

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