“A Medicina da Reprodução em Portugal está ao mais alto nível mundial”

Luís Ferreira Vicente, presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina da Reprodução, destaca o elevado nível desta área em Portugal, bem como os avanços que vão ser debatidos no COGI - World Congress on Controversies in Obstetrics, Gynecology & Infertility, que reúne especialistas de todo o mundo em Lisboa.

“A Medicina da Reprodução em Portugal está ao mais alto nível mundial”

Qual é a importância do COGI para a Medicina da Reprodução, e que impacto tem na prática médica em Portugal?
Teremos, em Lisboa, a 32.ª edição do Congresso de Controvérsias em Obstetrícia, Ginecologia e Infertilidade. Todas estas edições demonstram o interesse e a importância do conceito deste congresso. É um privilégio para Portugal receber um evento que conta com mais de 1.400 inscritos, oriundos de mais de 80 países.

O conceito visa debater temas nas áreas de Obstetrícia, Ginecologia e Infertilidade, principalmente as novas atualizações que podem, ou não, ser controversas. A discussão científica é saudável entre palestrantes e audiência. Os palestrantes são opinion leaders nestas áreas, pelo que a discussão se torna muito proveitosa.

 

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Quais são os avanços e discussões mais esperados na área da Reprodução Assistida e Fertilidade neste congresso?
Acompanhei a construção do programa científico na área da Medicina da Reprodução. Sou suspeito, mas acredito que vai prender os participantes do princípio ao fim. Conseguimos incluir discussões sobre temas clínicos, de embriologia, com interesse para todos. O trabalho em equipa multidisciplinar implica um conhecimento multidisciplinar.

 

Como avalia a evolução da Medicina da Reprodução em Portugal nos últimos anos? Há ainda obstáculos significativos a ultrapassar?
A Medicina da Reprodução em Portugal está ao mais alto nível mundial. Em termos de resultados e técnicas inovadoras disponíveis não temos nada a ultrapassar. Isto deve-se à excelência dos conhecimentos dos profissionais que trabalham nesta área em Portugal. A Sociedade Portuguesa de Medicina da Reprodução é o exemplo de um fórum que reúne todos os profissionais desta área.

 

Quais são as principais dificuldades que os casais enfrentam quando procuram tratamentos de reprodução em Portugal?
O principal problema consiste no acesso aos Centros Públicos. A procura é muito elevada para a oferta que temos, que pode ser até mesmo inexistente, como o caso de todo o território a Sul de Almada.

 

Que iniciativas ou políticas estão a ser desenvolvidas para garantir que mais pessoas tenham acesso a tratamentos de fertilidade?
Tenho a certeza de que os CRI serão uma solução. A experiência no Hospital de São João, no Porto, está a ser promissora.

Faria também sentido que as seguradoras considerassem a infertilidade como uma doença, tal como definido pela OMS, e passassem a comparticipar os tratamentos e a investigação na área da infertilidade.

 

Quais são as inovações tecnológicas mais promissoras que estão a surgir na área da reprodução assistida?
A Inteligência Artificial aplicada ao laboratório de embriologia e às decisões clínicas será uma ferramenta com um potencial que ainda precisa de validação.

O diagnóstico pré-implantação não invasivo e o recurso à metabolómica dos embriões poderão permitir determinar o melhor embrião a transferir e, consequentemente, aumentar as taxas de gravidez.

 

Os tratamentos de reprodução estão a tornar-se mais eficazes? Qual é a taxa de sucesso atual em Portugal e como se compara com outros países?
A taxa de sucesso em Portugal é semelhante à dos outros países. Nesta área, a medicina baseada na evidência torna os resultados bastante uniformes.

O sucesso depende, contudo, da idade dos ovócitos. É importante compreender que, para a gravidez, o limite não é a menopausa. Vários anos antes, ocorre já o declínio da fertilidade. Depois dos 43 anos, por exemplo, a gravidez pode ser possível, mas com maior probabilidade através de programas de doação de ovócitos.

Atualmente, os tratamentos permitem também responder às necessidades de novas famílias, realizar diagnóstico pré-implantação e preservar o potencial reprodutivo, e não apenas tratar situações de infertilidade.

 

 

Sílvia Malheiro

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