Especialista em Medicina Geral e Familiar
A Fénix Renascida
Quando me telefonaram a dizer que o Jornal Médico de Família vai renascer e que se iria iniciar a sua publicação (se a memória não me falha, a sua 5.ª série) foi uma enorme alegria. Este é um título mítico para muitos Médicos de Família e, qual Fénix, renasce das cinzas numa altura em que tanto dele precisamos.
Está de parabéns a Direção da APMGF e o seu Presidente por esta decisão e desejo o maior sucesso à equipa que vai levar por diante esta difícil tarefa. Se para muitos Médicos de Família este Jornal foi importante, para mim, pessoalmente, tem um enorme valor afetivo e estou a ele profundamente ligado. Poucos se lembrarão que o Jornal Médico de Família viu a luz do dia em outubro de 1988 e que a nossa maior preocupação nessa altura era a Ministra Leonor Beleza que tinha destaque de primeira página.
Foi publicada uma primeira série de 1988 a 1994, em que o Diretor era o Falcão Tavares, o editor o Luís Pisco e o responsável por toda a logística o António Branco. Foi o trio fundador e que criou o eixo Caldas da Rainha, Tomar e Abrantes, por onde o Jornal tinha de circular (e não era digitalmente). O fax era uma nova tecnologia que acabava de ser disponibilizada e que utilizávamos regularmente. Nenhum de nós alguma vez na vida tinha feito um Jornal. Verdadeiros amadores nesta nova área, mas com muito entusiasmo. Só muito mais tarde, na 3.ª Série, o Jornal teve uma equipa com excelentes jornalistas profissionais e os meios tecnológicos adequados, mas essa é outra história.
Vivemos numa sociedade de informação onde existe uma necessidade permanente de atualização, de troca de conhecimentos e de experiências, o que torna a publicação de conteúdos científicos e a divulgação de acontecimentos uma tarefa de central importância. A credibilidade da informação que consumimos é cada vez mais uma questão crucial e que a todos preocupa, ainda mais com a generalização crescente da Inteligência Artificial.
O campo da saúde continua em constante mudança, evolui rapidamente e os conhecimentos adquiridos têm uma duração cada vez mais limitada. Esta permanente mudança coloca novas exigências e novos desafios à educação e à formação e informação dos profissionais de saúde.
Vivemos um período económico desafiante, de grandes constrangimentos financeiros, que se têm refletido na imprensa médica, que tem atravessado enormes dificuldades com o desaparecimento de várias publicações nos últimos anos.
O reaparecimento do Jornal Médico de Família, com um grande enfâse nos cuidados de saúde primários, é uma excelente novidade e uma esperança de revitalização de uma área importante para quantos trabalham nas diferentes unidades dos cuidados primários.
Com as reformas e alterações em curso nos Cuidados de Saúde, com a atomização dos Médicos de Família por dezenas de ULS, espero que se possa tornar num precioso auxiliar, que ajude a divulgar as múltiplas iniciativas e boas praticas que decorrem, sobretudo nas Unidades de Saúde Familiares, e num útil instrumento de agregação, formação e informação para todos quantos trabalham nos Cuidados de Saúde Primários e na saúde em geral.
Cordiais boas-vindas para este regresso e renovo os votos de sucesso e uma palavra muito especial de incentivo e de apoio para a equipa responsável por ter encontrado a motivação e a coragem para aceitar este aliciante desafio.
A APMGF e os Médicos de Família estão de parabéns.