10 Jan, 2025

A apneia do sono tem cura?

A apneia do sono, uma condição que afeta a respiração durante o sono, está associada a riscos como hipertensão e AVC. Especialistas em Otorrinolaringologia destacam fatores de risco, como excesso de peso e alterações hormonais, e reforçam a importância do diagnóstico e tratamentos personalizados.

A apneia do sono é um distúrbio respiratório caracterizado por episódios repetidos de diminuição ou paragem da respiração durante o sono. Na maioria dos casos, está associada à roncopatia, uma condição que pode afetar o bem-estar dos casais e que é mais frequente em homens com excesso de peso. A sua prevalência tende a aumentar a partir dos 70 anos.

Telma Feliciano, otorrinolaringologista da Clínica de Otorrino Dr. Eurico de Almeida, no Porto, explica: “O doente que ressona tem uma condição importante que altera significativamente a sua qualidade de vida e põe em risco todas as células do corpo, em particular as do cérebro e do coração, devido à deficiência de oxigenação.”

A especialista alerta ainda que “a apneia do sono pode predispor ou estar associada a hipertensão arterial, acidente vascular cerebral, arritmias ou insuficiência cardíaca. O tratamento beneficia não só o doente, mas também o seu companheiro ou companheira, que frequentemente sofre com os efeitos da obstrução respiratória, muitas vezes de forma violenta”.

Joana Melo Pires, também otorrinolaringologista da Clínica ORL, detalha os fatores de risco da apneia do sono, afirmando: “A ingestão de álcool e sedativos, as alterações hormonais, como a menopausa, e o excesso de peso podem induzir ou agravar a roncopatia, esteja ou não associada à apneia.”

Quanto às causas mecânicas da obstrução, Joana Melo Pires enumera: “Desvio do septo nasal, hipertrofia dos cornetos inferiores, rinite ou rinosinusite, hipertrofia das amígdalas palatinas, adenoides ou pilares amigdalinos, e alterações no posicionamento e tamanho do palato, úvula, língua, maxila e mandíbula. Também podem estar implicados o padrão de encerramento da válvula velofaríngea, patologias laríngeas e alterações na tiroide.”

Por outro lado, na origem da própria apneia podem estar fatores genéticos, congénitos e cardiovasculares, acrescenta.

As médicas referem ainda que o ronco pode variar em volume ao longo da noite e entre diferentes noites. “O facto de a pessoa ressonar e ter reduções ou paragens respiratórias, como hipopneias ou apneias, impede uma noite tranquila, causando cansaço matinal, sonolência ao longo do dia e até adormecimento fácil ao volante ou em pé”, salienta Telma Feliciano. Além disso, “a apneia pode ser responsável por dores de cabeça matinais, despertares frequentes durante a noite e necessidade de urinar com frequência.”

No que diz respeito ao diagnóstico, as especialistas explicam que o otorrinolaringologista deve realizar um exame físico para identificar a origem da obstrução mecânica responsável pela roncopatia.

“O índice de massa corporal também deve ser calculado, e um estudo polissonográfico (PSG) é essencial para avaliar a roncopatia e confirmar se está associada à apneia, bem como para determinar o seu grau de gravidade – ligeiro, moderado ou grave”, esclarece Joana Melo Pires.

Com base nos resultados do PSG, e conforme as necessidades individuais de cada doente, o tratamento pode incluir medidas de higiene do sono, perda de peso, alteração de medicação, redução do consumo de álcool e café ou até um tratamento para refluxo. “Outras opções incluem tratamentos cirúrgicos, dispositivos intra-orais ou o uso de um aparelho Auto-CPAP para apneia do sono”, concluem as especialistas em Otorrinolaringologia.

 

SM

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