Vendas a fiado nas farmácias atingem valor mais alto de sempre
Os farmacêuticos consideram a situação atual "insustentável" mas não querem deixar doentes sem tratamento
A venda de medicamentos a crédito pelas farmácias aos utentes elevou a dívida global das farmácias para 76 milhões de euros. Valor registado é o mais alto de sempre, segundo a Associação Nacional das Farmácias (ANF).
Os resultados divulgados pela ANF são provenientes de um estudo que observou uma amostra de 625 farmácias comunitárias de todos os distritos do continente e ilhas. A ANF revelou que a estimativa é que cada uma destas farmácias adianta medicamentos sem custos a 163 utentes, acumulando em média 26.323 euros de crédito à comunidade.
Na farmácia Vitória em Campanhã, no Porto, esta situação já existia, contudo foi agravada durante o período de pandemia da Covid-19. Em declarações ao Jornal de Notícias, o diretor técnico desta farmácia Rui Antelo disse que, atualmente, o crédito aos utentes atinge uma média de “cinco a seis mil euros por mês”.
Situação “condiciona a atividade da empresa”
Rui Antelo referiu ainda que “a farmácia tem que se autofinanciar na falha desse valor“, o que por sua vez condiciona a atividade da mesma, dado que os fornecedores têm créditos limitados. Quando esses valores são atingidos, o pagamento a pronto do fornecimento dos medicamentos tem de ser feito pelas próprias farmácias.
Apesar desta situação, que os farmacêuticos consideram “insustentável”, estes profissionais de saúde não querem deixar os doentes sem tratamento. O diretor técnico disse que “há muitos que não pagam a totalidade de uma vez” e que “há outros que quando liquidam uma conta iniciam outra.”
Para o farmacêutico, é altura de se reverter a legislação “penalizadora”, aprovada para fazer face à crise económico-financeira, que implicou a diminuição das margens de lucros dos medicamentos mais caros.
No final de maio foram aprovadas pela Assembleia da República, quatro recomendações ao Governo a pedir medidas de apoio às farmácias comunitárias.
SO/JN
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