Vacinação no idoso

A vacinação é a forma mais eficiente de prevenção de doenças infeciosas. As alterações imunológicas associadas ao envelhecimento relacionam-se com uma diminuição da capacidade de resposta do indivíduo idoso diante de uma infeção. Por isso, observa-se maior risco de adquirir doenças infeciosas e pior evolução dos quadros clínicos, com maiores taxas de hospitalizações e morbimortalidade.

São objetivos da vacinação no idoso não só evitar a ocorrência de doenças infeciosas, como também diminuir a morbimortalidade e a descompensação de doenças crónicas e contribuir para um envelhecimento saudável.

Na seguinte tabela encontram-se as principais vacinas recomendadas no idoso imunocompetente em Portugal. De ressalvar que algumas vacinas podem estar especialmente recomendadas para indivíduos com comorbidades ou em outra situação especial.

Legenda: SNS: sistema nacional de saúde; VPC13: vacina pneumocócica conjugada 13-valente; VPC20: vacina pneumocócica conjugada 20-valente; VPP23: vacina pneumocócica polissacarídea 23-valente.

Reforço vacina antitetânica:

O tétano é uma infeção grave, causada pela toxina do bacilo tetânico Clostridium tetani, penetrando no organismo através de feridas ou lesões da pele. Embora se tenha tornado menos frequente como resultado do sucesso da vacinação, ela não desapareceu, ocorrendo predominantemente em idosos não vacinados ou sub-vacinados.

Reforço sazonal contra a gripe:

A gripe é uma doença respiratória infeciosa, causada pelo vírus influenza, tipicamente circulante entre os meses de inverno. Mais de 90% das mortes relacionadas com influenza ocorrem em indivíduos com 60 ou mais anos e verifica-se também um aumento significativo da morbilidade nesta faixa etária.

Além da idade, recomenda-se também a vacinação a pessoas consideradas de alto risco de complicações:

• Portadores de doenças crónicas ou imunodepressão;
• Residentes em Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas, instituições similares e Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados;
• Utentes de Serviço de Apoio Domiciliário.

Reforço sazonal contra a COVID-19:

Doença infeciosa provocada pelo vírus SARS-CoV-2, do grupo dos coronavírus. Os idosos têm maior risco de morbilidade e mortalidade por esta doença, à semelhança da gripe. A vacina é altamente efetiva na prevenção de doença severa e morte e pode e deve ser coadministrada juntamente com a vacina da gripe.

Além da idade, são também elegíveis para a vacinação:

• Utentes em Estruturas Residenciais para Pessoas Idosas, instituições similares e Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados;
• Pessoas com 5-59 anos de idade com patologias de risco.

Vacina contra infeções por Streptococcus pneumoniae (S.pneumoniae):

A infeção pela bactéria S.pneumoniae pode provocar um largo espetro de patologias, destacando-se a pneumonia, a bacteremia e a meningite. A doença pneumocócica é mais comum nos extremos de idade, sobretudo acima dos 65 anos.  A infeção é uma causa importante de morbilidade e mortalidade, sobretudo nesta faixa etária, constituindo, globalmente, a principal causa de morte prevenível através da vacinação. A vacina é eficaz na prevenção das formas     invasivas da infeção pneumocócica e também na prevenção da pneumonia. Além da idade, são também elegíveis para a vacinação indivíduos com ≥18 anos pertencentes a grupos de risco, tais como, portadores de doenças crónicas ou imunocomprometidos.

Vacina contra o Herpes Zoster:

O herpes zoster, ou zona, é causado pela reativação do vírus varicela zoster latente. Todos os indivíduos infetados por este vírus estão em risco de desenvolver zona, particularmente os idosos e imunocomprometidos, devido ao declínio da imunidade celular. A sua incidência aumenta acentuadamente a partir dos 50 anos, podendo originar ou agravar uma situação de fragilidade. A vacinação é uma estratégia eficaz na prevenção da zona e da nevralgia pós-herpética, uma das complicações crónicas da doença, potencialmente debilitante e incapacitante. Em Portugal, à data, estão disponíveis duas vacinas: a vacina recombinante (shingrix) e a vacina viva atenuada (zostavax). Os indivíduos com episódio prévio de zona ou imunizados previamente com a vacina atenuada devem ser vacinados com um intervalo de pelo menos um ano desde a resolução dos sintomas ou desde a inoculação, respetivamente. Recomenda-se também a vacinação a adultos com idades entre 18 e 49 anos com risco elevado de zona, nomeadamente doentes com determinadas comorbilidades médicas ou imunossupressão.

Vacina contra o vírus sincicial respiratório (VSR):

O VSR é um vírus comum que geralmente causa sintomas respiratórios ligeiros, semelhantes a gripe. Em Portugal, os surtos por VSR ocorrem tipicamente nos meses de inverno (dezembro e janeiro), mas podem ocorrer também em outubro/novembro até abril/maio. A idade é um dos fatores de risco major para desenvolvimento de doença grave, a par de outras comorbilidades médicas coexistentes. O facto de residir em lar de idosos ou outra instituição de longo termo, assim como a exposição frequente a crianças pequenas aumentam o risco de contrair a infeção. A vacinação contribui para a diminuição do risco de doença do trato respiratório inferior e redução da necessidade de hospitalização.

Conclusão:

O aumento da esperança de vida justifica uma revisão das recomendações vacinais no idoso. As doenças infeciosas são uma causa significativa de morbimortalidade, sendo muitas destas doenças preveníveis mediante vacinação.

Referências:

1. SNS24. Tétano 2023 [updated 11/05/2023. Available from: https://www.sns24.gov.pt/tema/doencas-infecciosas/tetano/#existe-vacinacao.
2. SNS24. Vacinação Gripe e COVID-19 | Outono – Inverno 2023-24 2024 [updated 24-07-2024. Available from: https://www.sns.gov.pt/vacinacao-gripe-e-covid-19-outono-inverno-2023/.
3. SNS24. DGS | Vacinação pneumocócica 2021 [Available from: https://www.sns.gov.pt/noticias/2021/11/02/dgs-vacinacao-pneumococica/.
4. Duque S, Marinho A, Almeida P, Marques Pereira R, Buzaco R. Recomendações para a Vacinação contra o Herpes Zoster: Documento de Consenso da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna e da Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar. RPMI [Internet]. 27 de Setembro de 2023 [citado 17 de Agosto de 2024];30(3):180-91. Disponível em: https://revista.spmi.pt/index.php/rpmi/article/view/1886
5. SNS24. Vírus sincicial respiratório 2024 [updated 16/08/2024 Available from:

https://www.sns24.gov.pt/tema/doencas-infecciosas/virus-sincicial-respiratorio/.